A Petrobras afirmou, nesta sexta-feira (9), que pretende vender os blocos já fabricados da plataforma P-71 em Rio Grande para buscar "o melhor resultado financeiro" para a estatal e seus parceiros. Nesta semana, a companhia causou indignação entre lideranças sindicais e empresariais ligadas ao polo naval ao confirmar que construirá o casco na China – a integração dos módulos ocorrerá no Espírito Santo.
A estatal havia rompido o contrato com o estaleiro Rio Grande, da Ecovix, no fim de 2016, e desistido da produção na cidade do sul do Estado. Hoje, o que sobrou do casco que seria da P-71 está parado no complexo gaúcho. O Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José Norte afirma que o material será vendido como sucata e, por isso, tenta evitar a negociação na Justiça.
"Em relação aos blocos já fabricados pela Ecovix, a decisão pelo modelo de venda destes materiais busca o melhor resultado financeiro para a Petrobras e seus parceiros. Por questões de ordem técnica e econômica, o custo para aproveitamento dos existentes é superior ao atual valor de mercado de um casco novo", argumenta a companhia.
Conforme o vice-presidente do sindicato, Sadi Machado, em torno de 50% da estrutura está pronta na Ecovix. Segundo ele, se o casco fosse concluído em Rio Grande, seriam necessários de 800 a mil empregados diretos.
– O fato de terminar os trabalhos no Espírito Santo não tem problema. É tranquilo. O que incomoda é o casco estar 50% pronto aqui em Rio Grande – declarou o sindicalista na última quarta-feira (7). – A Petrobras havia dito no ano passado que não tinha mais interesse na P-71. Agora, não tenho dúvida de que o casco em Rio Grande vai virar sucata – acrescentou.
Conforme a Petrobras, o CIMC Raffles será o estaleiro chinês responsável pela P-71. No Espírito Santo, o Jurong fará a conclusão dos trabalhos com a integração dos módulos.
"A contratação da construção do novo casco da P-71 foi feita por meio de licitação internacional porque não foram identificados no Brasil estaleiros capazes de realizar o serviço, seja por ausência de condições técnicas ou econômicas, seja por impedimento de contratação, pela Petrobras, em razão de envolvimento de empresas em casos revelados pela Operação Lava Jato", comentou a Petrobras.
Confira a íntegra do comunicado da estatal:
A contratação da construção do novo casco da P-71 foi feita por meio de licitação internacional porque não foram identificados no Brasil estaleiros capazes de realizar o serviço, seja por ausência de condições técnicas ou econômicas, seja por impedimento de contratação, pela Petrobras, em razão de envolvimento de empresas em casos revelados pela Operação Lava Jato. O casco da P-71 será construído pelo estaleiro chinês CIMC Raffles e a integração dos módulos da planta de processo no casco está prevista para ser realizada no estaleiro Jurong, no Espírito Santo, onde também está planejada a construção de alguns módulos, conforme contrato original.
Em relação aos blocos já fabricados pela Ecovix, a decisão pelo modelo de venda destes materiais busca o melhor resultado financeiro para a Petrobras e seus parceiros. Por questões de ordem técnica e econômica, o custo para aproveitamento dos blocos existentes é superior ao atual valor de mercado de um casco novo.
A Petrobras vem cumprindo todas as obrigações previstas no acordo de encerramento amigável de contrato (TSA - termination settlement agreement), firmado com a Ecovix em dezembro de 2016. Pelo acordo, a Ecovix é a responsável pela retirada dos bens atualmente estocados no ERG. Foi ainda aportada pela Tupi BV (empresa formada pelos parceiros Petrobras Netherlands BV (65%), Shell (25%) e Galp-Sinopec (10%)) verba para cobertura dos custos de rescisão dos contratos de trabalho dos empregados da Ecovix.
Cabe destacar que a Ecovix não concluiu nenhum dos oitos cascos contratados pela Tupi BV e PNBV. Em 2010, o consórcio Tupi BV contratou a Ecovix para a construção de seis cascos (P-66 a P-71) e aPetrobras Netherlands BV (PNBV) contratou a mesma empresa para a construção de outros dois (P-72 e P-73). Em dezembro de 2016, estes contratos foram encerrados, quando então foi descontinuada a construção dos cascos da P-71, P-72 e P-73. Os cascos da P-66, da P-67 e da P-68 foram entregues incompletos ao consórcio Tupi BV, após construção parcial no ERG (Estaleiro Rio Grande). Estes cascos tiveram partes construídas pela Ecovix no ERG e partes subcontratadas pela Ecovix em estaleiros da China, sendo que a construção dos cascos da P-69 e da P-70 foi integralmente subcontratada pela Ecovix em estaleiro na China.
Com relação a obras futuras, para que os estaleiros recebam as obras de construção de módulos e integração destas plataformas, é necessário que apresentem propostas competitivas para a execução e que atendam aos requisitos de integridade exigidos pela Petrobras, seja para plataformas próprias ou afretadas.