A assembleia geral de acionistas da Eletrobras aprovou a privatização das seis distribuidoras de energia no norte e nordeste do país. Com 51% do capital votante, a União votou a favor da venda de todas as empresas, conhecidas por má gestão e pelo acúmulo de dívidas bilionárias. Essa decisão era considerada fundamental para viabilizar a posterior privatização da própria Eletrobras, que deve ocorrer por meio do aumento de capital, que vai diluir a participação da União.
Maior entrave ao processo de privatização, a dívida dessas companhias, de R$ 19,7 bilhões, ficou integralmente com a holding. O voto contrariou a orientação da diretoria da empresa, para quem os débitos de R$ 11,2 bilhões deveriam ficar com a Eletrobras, e os R$ 8,5 bilhões restantes, detidos junto a fundos setoriais, deveriam ser assumidos pelos futuros concessionários.
A posição da União permitirá que as distribuidoras sejam adquiridas "limpas" pelos novos investidores. Sozinho, o governo já conseguiria aprovar a venda do controle das empresas e evitar a liquidação. Mas acionistas minoritários deram apoio massivo ao voto da União. A avaliação era de que era melhor assumir toda a dívida do que correr o risco de não vender as empresas e, eventualmente, liquidá-las.
Protestos
A assembleia foi marcada por protestos de sindicalistas e trabalhadores das distribuidoras, que impediram o acesso dos acionistas ao auditório no edifício da sede da empresa em Brasília (DF). Marcada para as 14h, ela só começou às 17h18min.
Devido à impossibilidade de acesso ao auditório, parte dos acionistas acompanhou as deliberações de outra sala do edifício, com transmissão ao vivo. A assembleia chegou a ser suspensa por ameaças de invasão dos trabalhadores, mas foi retomada após a intervenção de policiais militares e federais.
Investimentos
As distribuidoras de energia da Eletrobras atuam nos Estados de Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Piauí e Alagoas. A intenção da empresa é leiloar as distribuidoras até o dia 30 de abril. Cada uma delas terá valor simbólico de R$ 50 mil.
Os novos investidores serão obrigados a assumir compromissos de investimentos no valor de R$ 7,8 bilhões nessas empresas, dos quais 30% serão depositados no momento da aquisição das companhias.
As distribuidoras pertenciam a governos estaduais, mas foram assumidas pela Eletrobras no fim da década de 1990. A intenção era privatizá-las em seguida, mas elas ficaram quase 20 anos nas mãos da Eletrobras. Nesse período, elas geraram prejuízo de mais de R$ 20 bilhões.