Com a troca de administração do aeroporto Salgado Filho, que passou para o comando da alemã Fraport na terça-feira (2), funcionários da Infraero em Porto Alegre tiveram de procurar novo destino de trabalho. Aos empregados, a estatal ofereceu pelo menos três possibilidades, declara Marco Antonio Pinheiro, representante do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina).
O trio de opções seria composto por realocação em aeroportos que seguem sob o guarda-chuva da Infraero no país, migração para órgãos públicos federais de áreas diversas na Capital e programa de demissões voluntárias.
— No total, havia cerca de 330 funcionários em Porto Alegre. As negociações para buscar um acordo com a Infraero começaram em torno de oito meses atrás — conta Pinheiro.
Vencedora de leilão realizado pelo governo federal em 2017, a Fraport arrematou o Salgado Filho por R$ 382 milhões. O contrato de concessão firmado com os alemães tem validade de 25 anos, e há possibilidade de prorrogação por mais cinco.
Por conta da mudança de comando no terminal, Pinheiro relata que a maioria dos profissionais que estavam vinculados à Infraero decidiu permanecer na capital gaúcha. Esses servidores, sublinha, migraram para órgãos públicos como Advocacia-Geral da União (AGU) e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
O representante do Sina também estima que, dos cerca de 330 funcionários, a maior parte atuava na área administrativa da Infraero. A outra parcela exercia funções operacionais no Salgado Filho, como instalação e retirada de pontes de embarque. Apesar de afirmar que o fim das atividades tenha causado "frustração", Pinheiro considera que o acordo com a estatal atendeu a necessidades dos trabalhadores.
— Dentro das circunstâncias, já que a Infraero não existirá mais em Porto Alegre, foi algo razoável. A empresa continuará como uma das maiores administradoras de aeroportos do mundo — avalia.
Pinheiro acrescenta que a migração de profissionais da estatal para outros órgãos e aeroportos começou ainda em 2017. Segundo a Infraero, 49 funcionários permanecem no Salgado Filho. A expectativa é de que, até o fim do primeiro trimestre deste ano, a estatal auxilie a Fraport em seus trabalhos iniciais no terminal. Depois, a companhia alemã assumirá, sozinha, as atividades.
— A Fraport é uma empresa antiga. Tem sólido conhecimento na área — elogia Pinheiro.
Questionada por GaúchaZH sobre o futuro dos servidores, a Infraero havia declarado que somente a Fraport poderia se manifestar a respeito do assunto. A nova administradora do Salgado Filho, por sua vez, não retornou o contato até a publicação desta reportagem.
O desafio alemão
A Fraport promete investimento inicial de R$ 600 milhões em melhorias no terminal gaúcho. Enquanto as primeiras ações começam a decolar no local, há a expectativa por confirmação de obras como a ampliação da pista em 920 metros, para que a estrutura chegue a 3,2 quilômetros.
O prazo para conclusão da extensão é de 52 meses. Um dos entraves para os trabalhos reside nas incertezas que cercam a remoção de famílias que vivem na Vila Nazaré, tarefa a cargo do Departamento Municipal de Habitação.
A companhia alemã também projeta avanços como mudanças no sistema de drenagem da pista, construção de estacionamento com 1,7 mil vagas e evolução no sinal de wi-fi do terminal.