Pelo segundo mês consecutivo, a economia de Caxias apresentou crescimento. Em março, houve incremento de 5,7%, com resultado positivo em indústria, comércio e serviços. Apesar do desempenho positivo no mês, o cenário de recessão ainda está longe de ser superado. No primeiro trimestre de 2017, a queda foi de 2,7% e nos últimos 12 meses acumula índice negativo de 8,4%. Os dados foram apresentados nesta quarta-feira pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias (CIC) e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).
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– O desempenho da economia está “despiorando”. A queda acumulada vem diminuindo de maneira tímida. A recessão ainda é brutal – avalia o diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC Mauro Corsetti.
Mesmo com os indícios de melhora, os economistas da CIC são cautelosos ao apontar as perspectivas futuras. A também diretora de Economia, Finanças e Estatística Maria Carolina Gullo diz que dificilmente 2017 será um ano de crescimento.
– Estamos longe de ver o pote de ouro no final, não digo nem do arco-íris. O arco-íris ainda está bem mais longe – compara.
Em março, maior parte do crescimento veio da indústria, com 6,6%. Paradoxalmente, na comparação com comércio e serviços, o setor é o que apresenta maior retração nos 12 últimos meses, -8,8%. A utilização da capacidade instalada foi de 69,9% no período, resultado pior que o de fevereiro e ainda longe do patamar ideal, na casa dos 75% a 80%. Já o de serviços, apesar do crescimento de 3,8% no mês, acumula a maior retração no trimestre, chegando a 9%.O desempenho positivo do comércio em março foi de 6,3% na comparação com fevereiro.
O assessor de economia e estatística da CDL Caxias, Mosár Ness, destaca que o resultado foi puxado pelas vendas do chamado ramo duro, que abriga materiais de construção, materiais elétricos, eletrodomésticos, automóveis, entre outros. Por outro lado, no acumulado em 12 meses, o tombo nas negociações é de 7%.
Além do desempenho geral das vendas, outro fator que tem preocupado o segmento é a inadimplência. Caxias fechou março de 2017 com 75.696 pessoas com CPFs incluídos na base de dados local. As consultas dos lojistas junto ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) aumentaram 24,9% na comparação com fevereiro.
Decepção pós-impeachment e críticas ao governo Temer
Pouco mais de um ano do início do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a avaliação do empresariado caxiense é de que a queda da petista não trouxe a tão esperada recuperação da economia.
Ainda que veja como positiva a queda da inflação ao longo dos últimos meses, uma das principais críticas do economista da CIC Mauro Corsetti é com relação à “lentidão” do Banco Central para baixar os juros. Enquanto nos 12 últimos o IPCA despencou quase 6 pontos percentuais, a Selic foi reduzida em 3 pontos percentuais.
– O governo continua gastando demais, tendo deficit fiscal, e a taxa de juros alta. Não temos um cenário muito diferente – acredita Corsetti.
Para o assessor econômico da CDL Caxias, Mosár Ness, o cenário de instabilidade política permanece no governo de Michel Temer, o que prejudica a realização de investimentos.
– A velocidade das mudanças esperadas está aquém do esperado. O cenário político ainda é muito instável para que se tome decisões – analisa Ness.
De acordo com o economista da CDL, o cenário político turbulento deverá fazer com que o empresariado espere até 2018 antes de realizar investimentos.