Mesmo diante dos desafios ocasionados pela enchente ocorrida em maio, o Pavilhão da Agricultura Familiar terá recorde de participantes na 47ª Expointer. Serão 413 empreendimentos — 73 estreantes —, 41 a mais do que no ano passado, que registrou 372. São 181 municípios ocupando o espaço que, neste ano, celebra os 25 anos da realização da primeira Feira da Agricultura Familiar.
O número de empreendimentos liderados por mulheres também cresceu: 216. Os negócios chefiados por jovens terão 125 representantes. Muitos desses produtores tiveram grandes perdas devido às enchentes, mas conseguiram superá-las e estar presentes.
Conforme relata o coordenador de feiras da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Jocimar Rabaioli, diversos empreendimentos perderam muito mercado e deixaram de atender ao público. No entanto, a feira é uma grande oportunidade de retomada e abertura de negócios.
— O grande objetivo do evento não é somente a venda. É uma alternativa estratégica de desenvolvimento para essas famílias — reforça Rabaioli.
Segundo ele, um fator que contribuiu para essa grande mobilização foi o fomento do Programa Estadual da Agroindústria Familiar (Peaf). Um dos seus serviços está relacionado ao apoio à comercialização e, segundo ele, esse é um dos motivos para um número crescente de famílias que buscaram a sua formalização — algumas registram a sua primeira participação.
Já o secretário-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetraf-RS), Luiz Carlos Scapinelli, relata que alguns produtores não conseguirão ir à feira, muito devido à falta de matéria-prima, como o caso dos derivados do leite, uns dos setores mais afetados. No entanto, Scapinelli acredita que as pessoas, de modo geral, entenderam a importância de consumir os produtos do Rio Grande do Sul.
— A feira vai ajudar a impulsionar muito a economia e é preciso resgatar o ânimo da nossa gente. Acredito que vamos ter um aumento de mais de 10% nas vendas, comparado ao ano passado — projeta.
Superação na Ilha das Flores
A Ilha das Flores, em Porto Alegre, foi um dos maiores cenários de calamidade pública no Estado. É nesta localidade que está situada a Kaiper Cuias, da proprietária e responsável pela administração, Shaiane Kaiper.
Juntamente com seu sócio, marido e artesão, Enéias Kaiper, ela viveu momentos apreensivos e de superação. Shaiane conta que a enchente teve início quando estava programada a produção de cuias de chimarrão para a Expointer.
— Tivemos de parar com tudo. O galpão onde produzimos foi todo atingido. Meu marido conseguiu salvar algumas cuias e porongos e conseguimos colocá-los dentro do nosso caminhão, mas metade da produção foi perdida — recorda.
A casa também foi danificada e segue em reformas. Somente na metade de julho foi possível regressar à moradia, sendo um pequeno espaço dedicado à produção das cuias. Ao retornar, a visão não foi nada animadora, pois era possível avistar muitos porongos espalhados em meio à rua ou em barrancos.
No entanto, apesar das dificuldades, Shaiane acredita que a feira terá excelentes público e vendas, e vai além.
— Nesse pavilhão estão nossos amigos, é uma rede de apoio. Um ajuda o outro, recebemos muitas palavras de conforto, carinho e ânimo — celebra.
Cachaça orgânica na Serra
Em caso semelhante, no distrito de Tuiuty, em Bento Gonçalves, houve um grande número de desmoronamentos de terra ocasionados pelas mudanças climáticas.
Segundo o diretor comercial e engenheiro de alimentos da Casa Bucco, Matheus Ismael Menegotto, foram perdidos alguns hectares de cana-de-açúcar, um galpão, duas construções e equipamentos. E dois funcionários morreram durante a enchente.
A volta à rotina de trabalho ocorreu em julho. Atualmente, a Casa Bucco opera normalmente, tanto na parte de visitação turística, quanto na produção. O empreendimento possui reconhecimentos nacionais por meio de suas cachaças orgânicas. No ano passado, no Concurso de Produtos da Agricultura Familiar, foi um dos vencedores. Para 2024, Menegotto ressalta que as expectativas seguem positivas.
— A cada participação, sempre vendemos mais. E, nesse ano, não será diferente. Temos uma linha com mais de 20 produtos, principalmente de cachaças. Imaginamos aumentar em torno de 10% a 20% as vendas, em comparação a 2023 — aponta.
Para essa edição da feira, a Casa Bucco vai trazer uma cachaça engarrafada algumas semanas antes das chuvas. A bebida foi envelhecida na madeira grápia.
— Deu um sabor entre adocicado e sutil amargor. No passado, principalmente no interior, costumava-se utilizar bastante esse tipo de madeira. É um produto feito de maneira tradicional, bem ao estilo do nosso bioma aqui do Sul — salienta.
Serviço
O que você poderá comprar:
- Artesanatos
- Biscoitos
- Cachaças artesanais
- Chopps artesanais
- Doces cristalizados e hidratados
- Erva-mate
- Espumantes
- Flores
- Geléias
- Licores
- Mel
- Panificados (pães e cucas)
- Peixes
- Plantas
- Queijos
- Salames
- Vinhos
Horário de funcionamento:
- 8h às 20h
Localização:
- Quadra 22 (próximo ao Corpo de Bombeiros)