As produtoras Miriam Guedes Santiago Krindges e Renata Possamai são a personificação de algumas das marcas da participação no pavilhão das agroindústrias familiares na Expointer deste ano. Com número recorde, de 413 empreendimentos, o espaço tem mulheres na liderança na maior parte desses negócios — elas são 217 do total. Há ainda 126 jovens no comando e 69 marcas que fazem sua estreia na exposição. Outra característica que conecta essas duas histórias é o fato de ambas serem estreantes e terem no turismo um caminho para a expansão.
Paulista de nascimento, Miriam virou, literalmente, gaúcha de coração. Advogada de formação, ela foi atraída para o Estado pelo amor. Conheceu o marido, Irani Jair Krindges, pela internet, começou um namoro e, em 2012, mudou de mala e cuida para o Rio Grande do Sul, mais especificamente para Poço das Antas, no Vale do Taquari. Seguiu na profissão, mas resolveu dar uma virada após o nascimento da filha, em 2019.
Na hora de retornar ao trabalho, resolveu somar forças e trazer novas conquistas à propriedade familiar onde são cultivadas frutas. Buscou qualificação para ajudar na produção de vinhos, descobriu-se a primeira negra a ter uma vinícola, e criou uma experiência singular, que agrega cultura aos rótulos.
— Criamos o Samba da Uva, que é a pisa (da uva) ao som do samba. Chamou muito a atenção por ser diferente — conta Miriam.
História e cultura também foram incorporadas aos rótulos da vinícola, caso da mandala africana e da cera que é usada para fechar o vinho tinto e lembra uma mulher de turbante. Para a primeira participação na Expointer, levará uma novidade: o sur lie Búzios, um espumante com edição limitada de 500 garrafas.
— Traz o resgate da história da Revolta dos Búzios (também chamada de Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates, entre 1798-1799), em que os manifestantes usavam pulseira de búzio. Tem o rosto dos líderes no rótulo, e a garrafa vai envolvida em um jornal que conta um pouco do que foi — acrescenta a produtora.
Também do Vale do Taquari, de Imigrante, vem a Possamai Cachaçaria. Tocada por quatro irmãos, Alan, Alex, Luana e Renata, com o apoio dos pais, a agroindústria surgiu a partir de uma proposição para agregar valor a uma produção de cana de açúcar que já existia. E hoje soma um volume de 10 mil litros da bebida, com estimativa de ter uma expansão anual.
— Estamos dando cada vez mais espaço na propriedade a para essa finalidade. Para nós, é bem importante estar presente na Expointer, porque representa a seriedade do nosso trabalho, a qualidade do nosso produto. Isso dá um reconhecimento — entende Renata.