Moradores da Ilha das Flores voltam a encontrar alagamentos em áreas que já estavam secas ou com redução no volume de água. Nesta terça-feira (18), em casas de madeira que ficam perto da BR-290, na Rua dos Eucaliptos, poças se formaram novamente embaixo das estruturas, que ficam erguidas, e o acesso às portas precisa ser feito com tábuas, ainda em função dos estragos provocados pela enchente de maio.
É o caso de Selma Poncio, 30 anos, que vive perto do Rio Jacuí e mostra que a água avançou em relação a segunda-feira (17).
— Sempre vem ali embaixo (da casa). Em setembro (de 2023) foi na metade da casa e a gente já tinha perdido tudo. Agora foi até o teto. Esse ano estava com guarda-roupa novinho, coloquei no meio da casa, mas pegou mesmo assim — lamenta a moradora, que ficou mais de 30 dias acampada na rua enquanto a água não baixava.
Duas casas que eram alugadas no mesmo terreno foram arrastadas e estão desocupadas. Já o viveiro e o antigo espaço onde eram criados os porcos pela família ficaram destruídos. Móveis e eletrodomésticos que ficavam dentro da casa de Selma estão espalhados no entorno.
— Ontem (segunda-feira) a Defesa Civil passou aqui e fez um alerta. As roupas que ganhamos colocamos no forro do telhado, se não vamos ficar sem — comenta Selma.
A recicladora Gabriela Santos da Silva, 27 anos, conta que foi a filha de 5 anos que encontrou a mudança nesta manhã.
— Acordei com ela gritando: “mãe, tem água na frente da nossa casa” — diz ela diante da grande poça que se formou na entrada.
A família formada por mais duas crianças, uma menina de 10 e um menino de 11, mais o marido de Gabriela, perdeu tudo com a enchente. Por enquanto, eles decidiram ficar em casa, mas estão atentos.
— Ontem o meu filho estava olhando e disse "bah, mãe, nem a minha bicicleta". Eles tinham várias coisas e agora não têm mais — desabafa.
A Defesa Civil de Porto Alegre fez um alerta preventivo para a região que vale até quinta-feira (20). O órgão explica que algumas residências que já estão em partes mais baixas acabam ficando alagadas mais rapidamente com a subida do Rio Jacuí, mas até o momento não há inundação.
Equipes seguem monitorando e acompanhando o escoamento das águas dos rios do Delta do Jacuí. Conforme a Defesa Civil, é esperado de dois a três dias para que a chuva que caiu nas bacias chegue em Porto Alegre.