Os moradores do bairro Arquipélago, em Porto Alegre, aproveitaram o domingo (9) de tempo seco e o retorno da água tratada do Dmae para intensificar a limpeza das casas atingidas pela enchente. Até então, só era possível remover os móveis estragados e a lama.
— Antes a gente ia lavando com a água do pátio mesmo, com a água suja para tirar o grosso do barro. Mas agora a gente já começou a limpar com a água da torneira — disse a professora Aline Reis, que mora na Ilha da Pintada.
Na Avenida Presidente Vargas, em quase todas as casas havia movimento de moradores aproveitando o retorno da água potável. A Estação de Tratamento de Água das Ilhas foi restabelecida no sábado (8), mas ainda há pontos com baixa pressão.
Em um estabelecimento comercial, o autônomo Emerson Pereira Nunes acumulava a água em baldes para limpar a parte interna da casa.
— A água voltou, mas ainda tá fraca. E na rua debaixo ainda não tem luz. Tem água, mas tem que esperar voltar a luz pra gente poder ligar o lava-jato — explicou.
Com paredes ainda embarradas, o equipamento é o principal aliado dos moradores. Na última casa da Ilha da Pintada, só assim para conseguir limpar o que restou.
— Aqui não tem pressão, não tem como nem tomar um banho no chuveiro. O lava-jato consegue puxar um pouquinho do que vem da torneira, dá mais pressão, porque não precisa de muita água. Banho só de balde — disse o aposentado Rafael Soares dos Santos. Perto dali, outros moradores usavam a água do próprio rio para tirar a lama mais pesada de alguns objetos.
Sem água e energia elétrica
O pescador Jeremias da Silva Santos, morador da Ilha Mauá, afirma que teve a casa totalmente destruída. Sem ter local para voltar, por enquanto auxilia o filho e vizinhos na limpeza.
— Ontem voltou a luz, a água começou a vir. Devagarinho vai normalizando para fazer a limpeza dentro de casa, entulho, roupa, cama. Tudo que foi perdido — disse.
Na Ilha das Flores e do Pavão, ainda há pontos sem água e sem energia elétrica.
— Ontem começou a vir, uma água embarrada, parece que estourou cano em algum lugar e a gente está sem água também — disse a diarista Mariana Reis de Freitas, que mora na Ilha das Flores.
Ainda no sábado (8), o DMAE já havia informado que devido ao tempo parado e rompimentos, o retorno do abastecimento poderia demorar, principalmente em pontos mais distantes da rede.