A Expointer de 2023 reuniu 822 mil visitantes e comercializou quase R$ 8 bilhões, números recordes entre todas as edições da feira, o que elevou a régua para a edição seguinte. Mas as águas da enchente de maio castigaram grande parte do Estado, incluindo o parque Assis Brasil, em Esteio, cuja área de 141 hectares foi quase toda submersa, com danos estruturais em alguns pavilhões.
Mesmo assim, as entidades promotoras optaram por manter a data do evento, que começa neste sábado (24), segue até 1º de setembro e traz como slogan "superar é da nossa natureza". Para o secretário de Agricultura do Estado, Clair Kuhn, a 47ª Expointer será um marco da retomada econômica.
— Será a feira da reconstrução, da superação e da solidariedade. O resultado econômico é importante, mas ela tem, neste ano, um aspecto ainda maior, como marca da força do Rio Grande do Sul e da pujança do agronegócio gaúcho. Nosso grande objetivo é colocar o Estado de pé e voltar a mover a roda da economia diante de tantas dificuldades que já foram e vêm sendo enfrentadas — projeta.
Por conta disso, neste ano, a organização do evento não faz nenhuma projeção de vendas. Não é a primeira vez que a feira enfrenta dificuldades. Em 2020, no auge da covid-19, a Expointer ocorreu em formato remoto.
— A agricultura familiar não parou nem na pandemia e, agora, não vai ser diferente. Temos certeza de que, mesmo neste ano em que vivemos toda essa catástrofe, vamos fazer bonito novamente — afirma o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva.
Os criadores de animais também tiveram problemas ocasionados pelas chuvas. A Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), organizadora do Freio de Ouro, cuja etapa final é realizada durante a feira, agora integra a lista de entidades promotoras do evento.
— Temos criadores com perdas significativas, não só de número de animais mas, também, de propriedades. A feira é um marco de reconstrução de cada setor que lá está representado — avalia o presidente da entidade, César Augusto Rabassa Hax.
A Federação Brasileira das Associações dos Criadores de Animais de Raça (Febrac) também acredita que a feira deste ano será um momento para os criadores mostrarem seu trabalho, apresentando os melhores animais, mesmo em um cenário impactado também pela estiagem de outros anos, o que trouxe dificuldades na produção de alimentos.
— A Expointer é o desfile do que há de melhor em genética e, nesta edição, não será diferente. O campo e a lavoura se encontram nesta Expointer, e esse encontro é fundamental. A coisa mais importante que podemos fazer é a interação e a troca de experiência entre produtores, criadores e com as áreas técnicas específicas — afirma o presidente da Febrac, Marcos Tang.
O presidente do Sistema Ocergs, Darci Hartmann, destaca o trabalho das cooperativas no apoio à população gaúcha no período da enchente e aposta na cooperação dos Estados, dos municípios, da União e, principalmente, da sociedade, para a retomada do Rio Grande do Sul.
— Vai ser uma feira da resiliência. Evidentemente que temos que avaliar todo esse impacto que a enchente trouxe, mas também entendo que só se resolve isso com muito trabalho, organização e com muita cooperação. Não vai ser uma feira ideal, mas vai ser uma feira possível — ressalta Hartmann.
A situação de algumas propriedades no Estado gerou uma demanda de medidas mais robustas por parte do governo federal, especialmente após a publicação da medida provisória (MP) 1.247/2024, que autorizou a concessão de descontos nas parcelas de crédito rural aos produtores.
O conteúdo do documento gerou protestos por parte da classe e de entidades. Essa insatisfação deve ser refletida nos resultados dos negócios da Expointer, conforme afirma o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira.
— O Rio Grande do Sul é agronegócio. Estamos observando com muita preocupação a comercialização de máquinas agrícolas e, também, da pecuária. Temos um produtor rural debilitado. Nós estamos fazendo uma feira para demonstrar a resiliência do povo gaúcho, mas muito reticentes quanto ao aspecto e ao resultado comercial — finaliza Pereira.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Bier, acredita em um bom número de negócios nesta edição, mesmo com produtores afetados pela baixa do preço dos grãos e os juros altos.
— É uma grande vitória fazermos essa feira, que foi atingida ao extremo pela inundação. Reconstruímos tudo e estamos melhorando para receber as indústrias e o público — informa Bier.