A Expointer 2022 será sempre lembrada como a “Expointer dos Recordes”. A edição computou R$ 7,145 bilhões em vendas e público de mais de 742 mil pessoas. Números superlativos são difíceis de bater. É por isso que representantes do agronegócio gaúcho consideram a feira deste ano a “Expointer dos Desafios”.
Na avaliação do presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro-RS), Paulo Pires, o cenário da agricultura e da pecuária é bastante complexo. O campo sofre com o impacto de três estiagens, com a queda de preços e com a dificuldade de obter crédito. Ainda assim, ele aposta que a edição 2023, que começa neste sábado e vai até 3 de setembro, no Parque Assis Brasil, em Esteio, será uma oportunidade para buscar saídas para a crise e prospectar novos negócios:
— A feira vem a contribuir sendo o palco para grandes debates sobre como resolver esses desafios, como superar o pós-pandemia, o pós-estiagem.
O presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), João Francisco Wolf, também mantém os pés no chão ao projetar resultados. Este ano, registra um decréscimo de 32% no número de animais inscritos. Em 2022, foram 6.378 contra os atuais 4.275, impacto também da exclusão de aves e pássaros que não participam neste ano em função das restrições do estado de emergência zoosanitária por causa da gripe aviária. Contudo, Wolf acredita que a qualidade será um diferencial determinante.
— Vamos ter boas vendas. Talvez não em quantidade, mas em qualidade de reprodutores e fêmeas. Temos de investir hoje para que, daqui a um ou dois anos, tenhamos retorno no sentido de genética. O mercado indica uma projeção de anos futuros excepcionais — aposta.
O cenário econômico não leva incertezas a todos os setores. O vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), Eugênio Zanetti, está entusiasmado. E, ao que tudo indica, os produtores que estarão no Pavilhão da Agricultura Familiar, também.
— A expectativa é muito positiva. Se for pra quebrar recordes, já começamos com o número de expositores. São 361 selecionados em 332 estantes. Ia faltar lugar para tanta gente. Então, consultamos as agroindústrias: ‘Vocês querem que a gente eleja quem vai pelos critérios ou vocês se juntam em uma banca?’ Ninguém quis ficar de fora — valoriza Zanetti, acrescentando que o volume comercializado este ano deve superar o recorde de 2022, de R$ 8 milhões, em 10%.
Ovinocultores
Os ovinocultores também chegam quebrando recorde de participação. As ovelhas representam a maior parte dos animais inscritos nesta edição: 980 exemplares, um aumento de 15% em relação ao ano passado. A Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco) já projeta um incremento de 10% por ano, e os criadores avaliam que precisarão de mais espaço no futuro. O presidente da entidade, Edemundo Gressler, atribui tal participação a um pós-pandemia economicamente positivo para a ovinocultura, sobretudo a de corte. E como a feira é uma vitrine para animais de altíssima linhagem, espera-se boa comercialização.
Mais espaço
E quem já ganhou mais terreno na Expointer foi o setor de máquinas e implementos agrícolas. Com 0,18 hectare a mais, o número de expositores subiu para 170. Um recorde já foi quebrado, mas o segmento pretende ainda superar os R$ 6,6 bilhões vendidos em 2022 e liderar o faturamento da feira mais uma vez.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no RS (Simers), Claudio Bier, acredita que programas como o Moderfrota são incentivos à comercialização.
O presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs), Darci Hartmann, acredita que “recorde existe para ser batido” e antecipa: 2023 trará novidades no setor do crédito.
Essa também é a expectativa do secretário da Agricultura, Giovani Feltes. Recentemente, ele esteve com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que está ciente da situação dos produtores rurais do sul.
— Os fenômenos meteorológicos envolvendo ciclones foram pauta das conversas, assim como as questões de endividamento, que devem produzir maior volume em decorrência do que a seca nos impõe. Com brevidade, esperamos notícia favorável em relação ao endividamento — afirma.
Com a sabedoria de quem participou de 45 edições da Expointer, o coordenador da Comissão de Exposições e Feiras da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Francisco Schardong, minimiza o foco em recordes e cifras:
— Vejo a Expointer em seu todo. Números podem ser discutidos, pois há negócios fechados depois do evento. O peso da Expointer é ser vitrine para produtos, catapulta de negócios e feiras e integração do Rio Grande.