Para além da cifra em si, R$ 6,6 bilhões, alguns detalhes se destacam nas propostas para compra de máquinas agrícolas encaminhadas na Expointer deste ano. A começar pelo crescimento do percentual de equipamentos pagos à vista. Conforme o presidente do Simers, Claudio Bier, via de regra, nas vendas diretas com as empresas, cerca de 10% têm essa forma de pagamento. Nesta edição, no entanto, ficou ente 50% e 60%.
O dirigente estima que do total de negócios da feira, R$ 1,8 bilhão tenham sido feitos de forma direta com as indústrias e, desse montante, mais da metade foi à vista. A razão? Ele explica:
– Antes, comprava do fabricante e pedia prazo. Agora, como as coisas estão subindo, pagou à vista para garantir o preço, mesmo que não tenha pronta-entrega.
Outra modalidade que vem sendo utilizada, acrescenta, é a do consórcio. A maior fatia, no entanto, ainda advém dos financiamentos encaminhados via bancos e bancos de fábrica (das próprias montadoras).
Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), avalia que, mesmo com o descompasso entre oferta e procura do crédito oficial, o segmento de máquinas ainda não embarcou nos novos mecanismos de crédito, viabilizados pela lei 13.986/20:
– O sistema de crédito rural não dá conta do tamanho do agronegócio, que cresceu 37% nos últimos três anos. E, além do crescimento puro, tivemos um aumento dos preços, da pandemia para cá, os custos subiram 72%. A demanda por recursos cresce também em razão disso.
Para Luz, o crescimento das compras à vista também é um reflexo da dificuldade de tomada do crédito oficial. E reforça que é preciso fazer as contas “para poder avaliar adequadamente os riscos”.