É indo ao pé da letra na definição do que é cooperativismo que o segmento gaúcho enxerga o seu futuro. Com meta de dobrar o faturamento em cinco anos, o Sistema Ocergs-Sescoop/RS projeta alcançar R$ 150 bilhões até 2027. Para que isso seja possível, especialistas que participaram do evento Campo em Debate sobre o tema, dentro da programação da Expodireto Cotrijal, apostaram na intercooperação.
— O cooperativismo tem sete ramos (agro, crédito, infraestrutura, saúde, transporte, educação e trabalho). Se intercooperarmos mais e transversalmente, teremos oportunidade de crescer com muito mais velocidade — argumenta o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Darci Hartmann.
A intercooperação nada mais é do que a parceria entre cooperativas para, por exemplo, economizar custos. Ao invés de duas cooperativas enviarem dois caminhões para captar leite na mesma região, já há entidades que têm se unido para levar apenas um veículo e atender ambos associados.
Para o superintendente da Cotrijal, Marcelo Ivan Schwalbert, que coordena a Arena Agrodigital da Expodireto, a intercooperação também passa pela inovação. Não é por acaso que a Cotrijal está investindo em infraestrutura de TI para ter um datacenter único.
— Tecnologia é cara. Por que não conectar várias cooperativas em um único datacenter? — questiona Schwalbert, sugerindo a ideia.
Outra iniciativa da cooperativa, que, afirma o superintendente, poderia ser incorporada ao segmento, é a criação de um fundo de investimento do agronegócio. Na Cotrijal, o desenvolvimento desse braço financeiro é para dar suporte à cooperativa em momento de escassez de recursos para financiamento — como o de agora.
Vice-presidente da Cotripal, Tiago Sartori também cita outro exemplo da sua cooperativa que poderia ser incorporado por todos. Em tempos de estiagem, a Cotripal desenvolveu um trabalho de intercooperação com empresas privadas para adquirir equipamentos de irrigação.
— Trouxemos uma tecnologia para dentro da cooperativa para disponibilizar o equipamento para o maior número de pessoas possível. Do pequeno ao grande produtor — explica Sartori.
Mas nada disso será possível se o cooperativismo gaúcho não souber se comunicar, adverte o mesmo dirigente:
— A gente faz muito e fala pouco. Todo mundo estava falando do tal ESG, por exemplo, e quando fomos nos inteirar percebemos que o cooperativismo executa isso há muito tempo, inclusive, são princípios do segmento.
*Produção: Carolina Pastl