Pela perspectiva de abrir uma conexão com Brasília, a presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, atendeu às expectativas que se tinha para o seu primeiro compromisso oficial no Estado. Ele participou da cerimônia de abertura da Expodireto Cotrijal e, em um tom conciliador, falou em “portas abertas ao diálogo”. Por outro lado, medidas esperadas para a redução dos impactos da estiagem ainda parecem longe da concretização.
É o que avalia Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS). A entidade tem cobrado o que considera ser a mais urgente das medidas de emergência: a prorrogação de financiamentos da safra, face as prejuízos causados pelo clima.
— Fez uma boa fala, mas na prática, não trouxe nada de novo. Não deu a entender que está perto de sair algum anúncio. Estão pensando muito mais no próximo Plano Safra do que neste e na questão de estiagem — observou Joel.
A percepção do dirigente é feita com base, também, em reuniões recentemente realizadas com integrantes do governo para tratar do assunto.
Fávaro citou as medidas emergenciais — com recursos de R$ 430 milhões, mas completou:
— Sabemos que precisamos de mais, porque não basta dizer que é um evento climático que assolou o RS. É o terceiro ano dos últimos quatro. É preciso medidas públicas estruturantes.
Sobre crédito, mencionou uma linha em construção, “semi-estruturada”, de US$ 5 bilhões, com juro reduzido, e que poderá ser opção. Fávaro abriu o discurso com o que ele mesmo classificou como “mensagem política”. E, tocando em um ponto considerando nevrálgico pelo setor, emendou que “em hipótese alguma” o governo compactuará “com invasão de terra produtiva”. E destacou a prisão de um dos líderes de recentes invasões em fazendas do país. O governador Eduardo Leite frisou que o Estado agirá caso não haja respeito à propriedade privada.
Presidente da Presidente da Federação da Agricultura (Farsul), Gedeão Pereira conversou com Fávero.
A entidade, que integra a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), manifestou apoio a Jair Bolsonaro e ainda não tem canal aberto com o novo governo. Segundo o dirigente, permanece a dificuldade de diálogo:
— Se houver um aceno forte do governo pró-agricultura, claro que a CNA vai.