A euforia com a Bolsa de Valores de São Paulo nos últimos meses, a perspectiva de elevação no juro básico e uma projeção de retomada mais vigorosa na economia podem ser as portas de entrada para o mundo dos investimentos. Quem tem algum dinheiro na poupança, na conta corrente ou mesmo em casa (27% dos brasileiros que economizam mantêm as cédulas na própria casa, conforme pesquisa do SPC Brasil e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) pode olhar com mais atenção para opções na renda fixa ou variável. Conhecer as aplicações mais comuns de bancos e corretoras, comparar rentabilidade, prazo para resgate e o efeito do Imposto de Renda ou de taxas de administração são fundamentais para escolher a melhor estratégia de investimento.
— A aplicação ideal depende do objetivo do investidor, da rentabilidade desejada e dos riscos que está disposto a correr — explica o especialista em finanças pessoais Jó Adriano Cruz.
Foi com este planejamento que Graciele Caumo começou a investir neste ano. Ao longo de 2018, a universitária de 31 anos organizou suas contas, eliminando dívidas em atraso, reduzindo gastos com cartão de crédito e aumentando os ganhos com trabalhos de venda direta e eventos. Em 2019, chegou a hora de investir. Graciele reuniu suas economias e procurou uma corretora para avaliar as melhores aplicações. Optou por Títulos do Tesouro, Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e Fundos de Investimento – opções seguras e que farão o dinheiro crescer de 6% a 8% por ano.
— Tenho objetivos de curto, médio e longo prazos. Já para este ano, quero usar uma parte do rendimento para pagar a formatura e, pensando mais longe, vou aproveitar a aplicação para dar uma boa entrada em um apartamento — projeta.
A aplicação ideal depende do objetivo do investidor, da rentabilidade desejada e dos riscos que está disposto a correr
JÓ ADRIANO CRUZ
especialista em finanças pessoais
Para investidores fazerem sua estratégia, acompanhar as novidades da economia é fundamental. Este ano reserva uma peculiaridade: a Taxa Básica de Juros (a Selic), que está em 6,5%, poderá voltar a subir para conter um possível risco de inflação – economistas ouvidos pelo Banco Central preveem que fechará 2019 em 7%. Caso se confirme, a nova Selic devolverá parte da atratividade perdida por CDBs e Fundos DI – que remuneram um percentual do Juro Básico.
Outras aplicações que caíram no gosto dos brasileiros nos últimos anos devem continuar vantajosas – casos do Tesouro Direto e das Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio, LCIs e LCAs. Quanto ao Tesouro, a tendência é de que os papéis ligados à Selic paguem juro mais alto. Já as Letras têm apresentado aumento na oferta por bancos pequenos e médios, com juros geralmente mais atraentes que os de grandes instituições.
— Como CDB, LCI e LCA são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC, que assegura o investimento mesmo que a instituição financeira quebre), os bancos pequenos podem trazer boas possibilidades de ganho — explica Denílson Alencastro, economista-chefe da Geral Investimentos.
Para pessoas mais afeitas ao risco e em busca de rentabilidade mais gorda, a Bolsa de Valores merece atenção. A B3, principal bolsa brasileira, voltou a quebrar recordes de valorização neste ano, no lastro da retomada do otimismo com a economia. O Ibovespa, principal indicador do pregão, encerrou a semana passada batendo nos 92 mil pontos, o que sinaliza que as ações das empresas brasileiras mantiveram a rota de valorização.
— A possibilidade de ganho na Bolsa é bem interessante em relação à renda fixa, que tem rentabilidade limitada pela taxa de juros. Mas o investidor precisa estar ciente de que o mercado de capitais é formado por altos e baixos, então, apesar do momento ser de euforia, não há garantia de lucro — afirma Alencastro.