Filho de produtores rurais, o engenheiro eletricista Elias Francisco Sgarbossa, 26 anos, cresceu vendo os pais trabalharem em tambos de leite em Ibiraiaras, no norte do Estado. O trabalho diário exigia duas ou três habituais ordenhas, além da necessária limpeza dos equipamentos e dos tanques de resfriamento do produto.
– Era muito tempo dispensado após cada ordenha, isso sem contar o esforço físico e a exposição ao frio no inverno – lembra o jovem.
A situação o levou a pensar em solução a partir do trabalho de conclusão do curso na Universidade de Passo Fundo (UPF), em 2015. O projeto, testado na propriedade dos pais, se transformou em dois produtos comerciais: um sistema automático para limpeza de ordenhadeiras canalizadas e outro para tanques de resfriamento de leite.
– Os produtos similares disponíveis no mercado são menos automatizados e têm custo bem superior por serem importados – explica Sgarbossa, um dos sócios da startup Z2S Sistemas Automáticos, encubada na UPFTec.
Hoje, mais de 90% das propriedades gaúchas limpam as ordenhadeiras canalizadas e os resfriadores manualmente, com uma escova – gastando em média duas horas por dia de trabalho.
– Com apenas dois toques em uma tela e um aperto de botão é possível programar a limpeza, toda automatizada e com dosagens exatas de água e produtos químicos, evitando inclusive o desperdício – detalha o engenheiro eletricista, que desenvolveu os sistemas ao lado do professor Adriano Luis Toazza, 45 anos, e do colega de profissão Charles Bortolanza, 26 anos.
Em pouco mais de um ano, a tecnologia foi instalada em quatro propriedades, em Paraí e Ibiraiaras. Com pedidos de patentes no Brasil, os sistemas conquistaram há um mês o terceiro lugar no Desafios de Startups do projeto Ideas For Milk, promovido pela Embrapa Gado de Leite.