No epicentro da retomada da economia em 2019, o agronegócio poderá ser protagonista também em iniciativas que elevem as atividades no campo para patamares acima da média em produtividade, qualidade e eficiência. As ações que farão a diferença no novo ano envolvem investimentos em inovação tecnológica, alimentos mais elaborados e valorizados, certificações de procedência, produções sustentáveis e biossegurança.
– As tecnologias para redução da mão de obra e a gestão de custos da propriedade são as grandes chaves para a competitividade do setor leiteiro – diz Darlan Palharini, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS).
Além de diminuir o esforço físico, a agricultura familiar precisa apostar em itens que despertem o interesse do consumidor – em uma relação cada vez mais próxima.
– E o diferencial pode vir da apresentação do produto à exclusividade dele – indica Jocimar Rabaioli, assessor de política agrícola e agroindústria da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
A qualidade dos alimentos está diretamente associada à biossegurança dos processos, especialmente em setores que exigem cuidados sanitários específicos, como a produção de carnes.
– A nossa condição, livre de influenza aviária e de peste suína, é o nosso maior patrimônio. A preservação desse status é imprescindível para o mercado externo de aves e de suínos – explica Rui Vargas, vice-presidente técnico da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
E quem trabalha com commodities conseguirá se destacar com o uso de tecnologias que garantam altas produtividades e custos menores.
– É preciso tocar o negócio de forma profissional, e isso exige investimentos que vão de sementes fiscalizadas, adubação, agricultura de precisão à irrigação – enumera Eduardo Condorelli, futuro superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Rio Grande do Sul (Senar-RS).
Conheça histórias de pessoas que já fazem a diferença em suas atividades
Filho de produtores rurais, o engenheiro eletricista Elias Francisco Sgarbossa, 26 anos, cresceu vendo os pais trabalharem em tambos de leite em Ibiraiaras, no norte do Estado. O trabalho diário exigia duas ou três habituais ordenhas, além da necessária limpeza dos equipamentos e dos tanques de resfriamento do produto. A situação o levou a pensar em solução, que se transformou em dois produtos comerciais.
A Casa Sander, de Nova Petrópolis, na Serra, nasceu do desejo de um casal de trocar a vida na cidade pela tranquilidade do meio rural. Donos de uma agência de turismo em Gramado até 2015, Adriano Sander e Mariana Almeida Sander decidiram apostar no cultivo de frutas vermelhas produção de geleias. Os produtos são vendidos hoje em hotéis, mercados, delicatessens e feiras da agricultura familiar.
Na Zuliani Agropecuária, em Aceguá, no sul do Estado, o arroz, a soja e a pecuária têm o mesmo peso econômico – e dependem uma da outra para alcançarem altas produtividades. A integração entre as atividades, com investimento em tecnologias adaptadas para a região, garantem rendimentos acima da média à propriedade gerenciada por Helio e Ricardo Zuliani, pai e filho.
Uma das poucas empresas no país a controlar todos os processos de produção de carne bovina, do campo até a mesa do consumidor, o Grupo VPJ, de Pirassununga (SP), deverá ser pioneiro no país na adoção de certificado de classificação da carcaça conforme índice de marmoreio, cobertura de gordura, coloração, PH e abate em padrão humanitário.