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Produtores de leite já sentem os efeitos da falta de chuva no norte do RS

Calor intenso tem causado estresse térmico nos animais e diminuído produção do alimento. Propriedades investem em climatização para amenizar os danos das altas temperaturas 

Tatiana Tramontina

Repórter

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Nauro Júnior / Agencia RBS
Casca tem um único galpão totalmente climatizado e há poucos casos semelhantes no RS.

Propriedades rurais gaúchas já sentem as consequências da falta de chuva deste verão. Com temperaturas que ultrapassam os 30ºC, o calor intenso tem prejudicado o bem-estar dos animais, causando estresse térmico. Como consequência, produtores de leite relaram a diminuição na produção dos bovinos.

Em Casca, município de 9,4 mil habitantes do norte gaúcho, agricultores investem em ventilação e sistema de borrifamento de água nos dias mais quentes para os animais. São formas encontradas para driblar o calor intenso e a queda da produção. 

— Como os animais estão acostumados e preferem um clima mais ameno, no momento que nós temos esse excesso de calor a perda de produção acontece — explicou o engenheiro agrônomo e Extensionista Rural da Emater/RS-Ascar de Casca, Maurício Dall Acqua.

Mesmo com o avanço tecnológico na produção leiteira, Casca tem um único galpão totalmente climatizado e há poucos casos semelhantes no RS, completou Dall Acqua. 

O engenheiro compara os animais com uma "bacia de fermentação móvel". Isso porque, depois de ingerir os alimentos, as vacas de leite começam um processo de fermentação em seu estômago, o que gera ainda mais calor. 

— No momento que temos um excesso de calor e esses animais não têm um ambiente com temperatura controlada, ele acaba sofrendo mais e isso reflete em queda de produção — pontua. 

Anderson Fetter / Agencia RBS
Produtor de Casca relata que reduziu o volume de produção por causa do calor.

Além do estresse térmico, as altas temperaturas também fazem com que haja perda ou diminuição da qualidade nutritiva do pasto. Há prejuízo no milho, o que respinga na produção da silagem usada na alimentação de animais confinados.

— O milho é o principal produto cultivado para conservação na forma de silagem no município. Quem plantou antes, lá pelo mês de setembro, já colheu um milho para silagem com boa qualidade e um bom volume de produção. Mas quem plantou depois disso e pegou a estiagem de agora, o reflexo pode vir daqui até uns seis ou sete meses — disse Dall Acqua. 

Falta de produtividade e qualidade nutricional

Ângelo Mazzarollo / Arquivo Pessoal
Parte da pastagem na propriedade morreu por falta de chuva e excesso de calor.

Na propriedade de Ângelo Mazzarollo, no interior de Casca, 40 dos 60 animais da propriedade são vacas de leite. Lá, a queda na produção por causa do calor é evidente: desde o final de dezembro, ele ordenha cerca de 500 litros de leite por dia, bem menos que a média de 800 litros diários em temperaturas amenas.  

Grande parte da pastagem onde os animais se alimentavam morreu pelo calor e falta de chuva, e hoje é preciso acrescentar silagem e ração para suprir a demanda. Além do aumento do custo para manter os animais, a margem de lucro se tornou pequena

— Não está sendo nada fácil. Estamos vindo de diversos anos de estiagem e no ano passado fomos castigados pelas fortes chuvas. Não estamos conseguindo produzir alimentação suficiente para os animais e precisamos comprar de fora. Isso encarece bastante nosso custo de produção — resumiu. 

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