Por Patrícia Pontalti, 47 anos, jornalista e colunista de Donna. Casada com Lucas Cunha, 33 anos. Juntos há oito anos
Sou casada com um homem 14 anos mais jovem do que eu. E você acha que eu quis isso e me senti à vontade, tranquilaça quando tudo começou? Lógico que não. Acho que todas as mulheres mais velhas que esbarram com um cara mais jovem se enchem de dúvidas, porque a gente aprendeu que não é assim que funciona. Sim.
Entre outras centenas de regras machistas, fomos treinadas (palavra forte, mas é bem isso) a acreditar que nossos parceiros precisam ter a mesma idade ou ser mais velhos do que a gente. E associamos isso imediatamente (e erroneamente) à proteção, responsabilidade, maturidade (será?).
Daí é só o cara dizer que é mais novo para a gente criar um muro de afastamento na hora, se cercando de questionamentos bobos: ele está interessado em outra coisa, ele não quer nada sério, deve estar mentindo pra mim, vai me trocar por uma novinha assim que puder, quando eu ficar mais velha vai ser ainda pior e por aí afora. A gente acaba deixando de lado o que realmente importa em qualquer relação amorosa: afinidades, trocas, felicidade, maturidade, confiança, respeito, sexo bom, incentivo.
Não estou aqui para defender as vantagens de um homem mais jovem, até porque iria contra muita coisa que penso sobre a maturidade, estou aqui para defender que a gente pare de achar que isso é um empecilho para a nossa felicidade. Eu digo por experiência: não é. Conheço velhos imaturos, desrespeitosos, canalhas, inseguros, dependentes, enfim. Não é a idade que determina a qualidade de qualquer relacionamento, aprendi isso comigo, com o meu marido, com a nossa vida a dois. Por que vamos deixar de viver algo incrível com um homem que vale a pena por causa de um número registrado em um documento?
O que quero dizer é que se você achar um homem que pode lhe fazer feliz, não dê bola para o ano que ele nasceu – viu, falando assim a gente percebe o quanto é ridículo limitar nosso amor a uma data. Dê bola para quem ele é e como trata você, para como vocês se sentem juntos, para o que vocês têm em comum, para como vocês se compreendem e se fazem felizes. Isso é que o que importa, indiferentemente de qualquer número tolo. Bora ser feliz sem criar mais obstáculos? A idade, caras amigas, não define nada e nem ninguém. Podem ter certeza."