Você está atingindo o pico do prazer da relação sexual quando, do nada, sente cólica? Calma, pode ser normal. Uma das causas mais comuns que levam a mulher a sentir cólica durante o sexo é a contração do útero, que acontece na hora do orgasmo, como explica a ginecologista Gioconda Lucatel.
— O orgasmo deveria ser um momento unicamente prazeroso, principalmente pela liberação da ocitocina, que tem efeito analgésico e de relaxamento. Porém, algumas mulheres relatam uma dor, tipo cólica, que aparece de maneira pontual no momento máximo do prazer ou logo após, e que pode ser rápida ou durar alguns minutos — relata.
Essa cólica tem relação com reações próprias do corpo feminino, já que o útero se contrai quando a mulher goza, assim como as paredes da vagina e o períneo.
— Qualquer músculo que você utilize ou treine pode ficar dolorido. É só comparar com seus retos abdominais após uma série intensa de exercícios — explica a médica.
Outra ressalva: durante a excitação, a vagina se expande, o útero sobe e os órgãos genitais ficam cheios de sangue - o que leva à ereção do clitóris e à dilatação dos grandes e pequenos lábios vaginais. É normal que essa área fique dolorida e com sensação de inchaço até mesmo no dia seguinte, diz Gioconda.
Se for esse o caso, não se trata de uma dor incapacitante, forte ou que exija uma consulta urgente, já que é uma contração muscular natural e fisiológica. Mas é importante que você consulte um ginecologista para descartar as demais patologias que podem causar dores pélvicas.
— Dores lancinantes, que não aliviam sem medicação ou custam a desaparecer, podem ter outras causas: vaginismo, endometriose, inflamação pélvica, cistos, varizes pélvicas.... Estas necessitam avaliação ginecológica com tratamentos individualizados — indica Gioconda.
Tamanho do pênis influencia na cólica?
Pode influenciar. Se a dor acontece quando o pênis bate no útero, é possível que o tamanho do órgão masculino seja a razão da cólica. Mas, atenção! Se o órgão for de um tamanho considerado normal, existem outras razões para essa dor, que pode ser inclusive falta de lubrificação.
Gioconda ressalta que, nesses casos, a dor não será crônica e, com boa lubrificação e excitação, o tamanho do órgão masculino deixará de ser um empecilho no sexo.
— É muito comum pacientes pequenas com maridos altos sentirem dor no início. Mas, se ela tiver uma boa lubrificação e estiver bem excitada, com o passar das relações, isso deixa de ser um problema. A dor tende a passar, como se o músculo se acostumasse — pontua a médica.
Atenção para a endometriose
Outra causa comum de dor na relação sexual é a endometriose, explica a ginecologista Camila Bessow, em geral relatada como uma cólica, que pode ser moderada ou de forte intensidade. Algumas mulheres, inclusive, desenvolvem a dor pélvica crônica, quando se tem esse sintoma por mais de seis meses.
A doença é benigna, crônica e inflamatória, e afeta aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva, explica a médica. Pode causar inúmeros sintomas - como dor pélvica crônica, dores no período menstrual, na relação sexual e ao evacuar ou urinar, ou ainda mudanças no padrão evacuatório/urinário e até infertilidade. Há casos em que a endometriose pode ser assintomática.
É comum que mulheres convivam anos com a doença antes do diagnóstico, e por isso é de extrema importância que se realizem avaliações ginecológicas regulares. O tratamento vai depender dos sintomas de cada uma.
— Como não existe cura para a doença, o objetivo é alívio da dor nas pacientes com essa queixa, e tratamento da infertilidade nas que estão com dificuldade para engravidar — explica Camila.
A avaliação deve ser individualizada, já que o tratamento também vai depender da severidade dos sintomas, mas procurar ajuda é fundamental para o manejo da dor, ressalta Camila.
— Muitas vezes, é necessária uma equipe multidisciplinar: ginecologista, urologista, proctologista, psicólogo, nutricionista e fisioterapeuta. Todos esses profissionais podem contribuir para o controle dos sintomas e melhora da qualidade de vida da mulher — afirma.