A curiosidade pelo assunto é grande. “O que é libido?” foi uma das frases mais digitadas por brasileiros no Google no ano passado. A busca muitas vezes está associada à tentativa de encontrar respostas para os períodos em que a vontade de fazer sexo parece desaparecer. Dúvidas que independem da idade.
— A falta de desejo sexual pode se dar em qualquer faixa etária. Com mulheres jovens, a tendência é ter uma causa psicológica. Com mais velhas, pode estar relacionada a uma questão hormonal, após a menopausa — pontua a sexóloga e terapeuta sexual Carla Cecarello.
Também é normal perceber que a frequência de relações do casal pode diminuir depois de anos de relacionamento – por uma série de razões. Mas não quer dizer que é preciso se acostumar com isso. Muitas mulheres alegam falta de libido, quando, na verdade, o que ocorre é que elas não têm um desejo espontâneo. Ou seja, é um perfil de pessoa mais reativa, que necessita de mais estímulo.
— A mulher não ter desejo espontâneo de iniciar uma relação sexual até certo ponto é considerado normal. Às vezes, ela não tem a iniciativa, mas, na medida em que é estimulada, permite-se e tem uma boa resposta ao contato — explica a sexóloga Sandra Scalco.
É essencial, mas na prática...
A pesquisa Mosaico 2.0 de 2016, que atualizou um estudo sobre a sexualidade do brasileiro conduzido pela psiquiatra referência no tema Carmita Abdo, mostra dados que chamam a atenção. Conforme o levantamento, 32,5% das mulheres responderam que não têm vontade de fazer sexo – apesar da prática ser apontada como algo essencial em suas vidas.
Fatores biológicos, psicológicos e culturais podem fazer com que a libido suma, independentemente da fase da vida. Outro dado que merece atenção é que 21,8% das entrevistadas afirmaram que a falta de apetite sexual interfere na qualidade do relacionamento com o parceiro.
As mulheres têm que se legitimar em relação ao seu corpo e a sua vontade, da sua funcionalidade, e elas têm que ter a frequência sexual que gostariam de ter e jamais entrar no sexo por obrigação.
SANDRA SCALCO
sexóloga
— Dificuldades financeiras, pressão no trabalho e na rotina doméstica são situações que podem contribuir para a falta de desejo sexual — explica Carla.
Ou seja, não estar a fim de vez em quando também é compreensível – mas por algum tempo. Fique atenta se o desejo demorar a reaparecer. Por isso, é importante diferenciar o que é uma situação pontual de uma disfunção, chamada de Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo.
— Quando é mais pontual, uma circunstância de dois, três episódios, ou um período menor de seis meses, caracteriza uma queixa ou um problema sexual, mas não uma disfunção. E, neste caso, mais facilmente reversível. Mas quando dura mais tempo, pode evoluir com agravos e, aí sim, caracteriza uma disfunção sexual — completa Sandra.
Falta de desejo pode ter diversas razões
Não sentir vontade de fazer sexo passa por diferentes fatores. Efeito colateral de algum medicamento (como ansiolíticos, antidepressivos e até anticoncepcionais), alteração hormonal e até questões culturais, como a crença de que mulher gostar de transar é algo errado ou de que sexo não é prioridade, estão entre as mais comuns.
— Depois de ir ao médico, colocar todos os exames em dia e verificar que está tudo bem com o aspecto físico, o ideal é procurar ajuda profissional, como de um psicólogo, para conversar sobre a questão — alerta Carla.
Ninguém está livre de passar por isso, e não se sinta mal se acontecer você. Donna reuniu alguns conselhos das duas especialistas para driblar a baixa da libido. Confira:
Combata o estresse
Como anda seu autocuidado? Essa resposta faz toda a diferença. Elencar o que é prioridade em sua vida (e a sexualidade deveria ser) é necessário em meio a um dia a dia tão agitado e cheio de compromissos.
— Se a rotina está estressante com relação ao trabalho, talvez seja a hora de ver o que é possível fazer para organizar isso — indica Carla.
Quem está em um relacionamento sério e longo pode reservar um tempo para o casal, ao menos uma vez na semana.
— Depois de muito tempo de relacionamento, o sexo tem que ter um toque de novidade. Aquele sexo feito sempre da mesma forma vai ficando automático, e isso também pode ser a causa da diminuição de desejo — diz Sandra.
Conecte-se à sua sexualidade
É fundamental que você saiba do que gosta para poder dizer isso ao parceiro. Mesmo que você esteja atravessando um período “de baixa”, não deixe de se conectar com a sua sexualidade.
— As mulheres têm que se legitimar em relação ao seu corpo e a sua vontade, da sua funcionalidade, e elas têm que ter a frequência sexual que gostariam de ter e jamais entrar no sexo por obrigação. E quando entrar no sexo, é entrar no jogo para ganhar. Para dar prazer, sim, mas também para ter prazer. Sexo é troca — diz Sandra.
Descubra o seu tempo
O processo de excitação é de três a quatro vezes mais demorado na mulher em relação ao homem. Ou seja: não tenha pressa. Muitas vezes, as mulheres precisam de um pouco mais de tempo para se excitar.
— Às vezes, o ritmo é conduzido pelo outro, e a mulher fica passiva. E o parceiro acha que está agradando, que aquilo é o máximo, e muitas vezes não é — afirma Sandra.