Um comentário de Giovanna Ewbank, de 33 anos, gerou repercussão nesta semana. Em um vídeo recente publicado em seu canal no Youtube, a atriz e apresentadora comentou que chorou durante o sexo.
– A gente estava namorando, não sei o que aconteceu e, de repente, eu comecei a chorar – disse ela.
– Não, não é que a gente estava namorando, a gente estava transando – corrigiu o marido, Bruno Gagliasso, que participava do vídeo, publicado na última terça-feira (16).
O ator comentou que entrou em "desespero" com a reação de Giovanna, pelo fato de ela estar grávida. A youtuber está à espera de Zyan, primeiro filho biológico e terceiro do casal.
A médica ginecologista Clarissa Amaral explica que a situação não tem nada de incomum e pode acontecer com qualquer mulher, gestante ou não:
– Isso é uma coisa muito mais comum do que se imagina. É fisiológico, é natural, é hormonal e tem que ser desmistificado. Acho que isso é o mais importante – resume a profissional.
Porém, especialmente durante a gravidez, as mulheres costumam sofrer com a instabilidade emocional causada pela elevação dos hormônios — o que pode facilitar essas crises de choro.
– Podemos dizer que essas descargas de progesterona e estrogênio em enorme quantidade são capazes de sensibilizar até mesmo a mais durona das grávidas – pontua a médica ginecologista Gioconda Lucatel. – Não é incomum. Em consultórios, a gente ouve esse relato com certa frequência.
Entenda melhor os motivos:
O hormônio do amor
Durante o orgasmo, ocorre a liberação de um hormônio chamado de ocitocina, apelidado de "hormônio do amor". Ele é produzido em uma área do cérebro, no hipotálamo e na neuro-hipófise, e influencia no prazer de homens e de mulheres.
Nas grávidas, naturalmente mais emotivas por causa da questão hormonal, isso se intensifica:
Não é incomum. Em consultórios, a gente ouve esse relato com certa frequência.
GIOCONDA LUCATEL
médica e obstetra
– A gestante já vai ter mais ocitocina, porque é exatamente o mesmo hormônio que vai auxiliá-la na amamentação e vai ser responsável pelas contrações uterinas durante o trabalho de parto – explica Gioconda.
Ela ressalta, no entanto, que o hormônio não é exclusividade das grávidas:
– Qualquer mulher que tenha uma vida sexual bem resolvida vai liberar ocitocina no seu orgasmo.
Mais lubrificação
Grávidas também têm mais lubrificação, o que facilita a penetração no ato sexual:
– Isso facilita a penetração e facilita um orgasmo prazeroso. E vai chegar mais hormônio ali, porque tem mais sangue nessa região – diz Gioconda.
O momento também pode interferir
Fora da cama, o contexto atual também pode aflorar as emoções:
– Temos a pandemia, que também é um momento único. Muitas grávidas têm medo por causa da questão financeira, da instabilidade de emprego, de ir ao hospital. Estou fazendo partos e, antes, as pacientes tinham filmagem, acompanhamento de dois a três familiares, além do marido. Hoje, elas não têm mais visitas, ficam internadas única e exclusivamente com os maridos. Não há filmagens, aquela comemoração da chegada do bebê. Isso gera choro nas gestantes – diz Gioconda, que também é obstetra.
A opinião sobre o estado emocional mais fragilizado por causa da pandemia é compartilhada pela psicóloga Dalmara Fabro de Oliveira:
– Diria que o emocional, neste caso, não está ligado apenas com a questão hormonal, mas a essa gama de vivências que inclui ser gestante e logo ser mãe durante uma pandemia – acrescenta ela, que tem experiência no trabalho com gestantes.