Irritabilidade, insônia, calores noturnos, dores na hora do sexo por conta de atrofia vaginal, cansaço e até possível desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes e osteoporose. Esses são alguns dos sintomas que tendem a fazer parte da rotina feminina em razão da menopausa e que podem ser amenizados por meio da Terapia de Reposição Hormonal (TRH). Segundo especialistas, o tratamento tem sido uma boa opção para muitas na busca por bem-estar.
— Na menopausa, deixamos de produzir um hormônio muito importante: o estrógeno. Essa falta acarreta vários sintomas e repomos para melhorar a qualidade de vida da mulher — resume a endocrinologista Dolores Pardini.
A ideia é imitar um ciclo menstrual normal, frisa a médica, e as medicações podem ser absorvidas de maneiras diversas: via oral, vaginal, pela pele (com patch ou gel) ou por implante.
— Podem ser utilizadas em doses ou associações, conforme as queixas da paciente — afirma a ginecologista Jaqueline Behrend Silva, que atende na clínica Allié, em Porto Alegre.
Quanto antes, melhor
Muitas ainda têm dúvidas sobre quando é indicado começar a reposição hormonal, e as especialistas pontuam que nem sempre é necessário identificar algum desconforto antes.
— Não é verdade que só é indicado para mulheres com sintomas, até porque alguns ela pode não se dar conta de que é decorrente da falta do estrógeno, como alteração na memória e dores articulares — reforça Dolores Pardini.
Além das contraindicações absolutas (listadas abaixo), mulheres que entraram na menopausa há seis anos ou mais precisam passar por uma avaliação criteriosa.
— Na TRH, tudo tem que ser avaliado individualmente. São pessoas com históricos, complicações diferentes — acrescenta a endocrinologista. — O ideal é começar o mais perto da menopausa possível, porque aí os riscos são bem menores. Principalmente, se essa mulher for obesa ou tiver colesterol alterado.
Não podem fazer
São consideradas contraindicações absolutas histórico pessoal de câncer de mama e de endométrio, trombose, aneurisma cerebral com rompimento, hepatopatia grave, doença coronariana e cerebrovascular ou sangramento uterino de causa desconhecida.
À parte desses casos, todo o resto é relativo e deve ser avaliado, ressaltam as médicas.
Riscos
É difícil afirmar quais são os riscos do tratamento, uma vez que ele tem respostas variáveis, afirma a ginecologista Jaqueline Behrend Silva. É possível dizer, no entanto, que a TRH deve ser sempre individualizada e com a menor dose efetiva para cada paciente.
Para definir a indicação, as médicas avaliam não somente os sintomas decorrentes da menopausa, mas, principalmente, o estilo de vida. Em mulheres mais velhas, por exemplo, é normal que existam mais comorbidades. As fumantes estão entre as que apresentam mais riscos. Quem é sedentária ou faz uso de antidepressivo também integra a lista de alerta.
—Tudo isso interfere na absorção (da THR) — explica a ginecologista. — As pacientes têm medo do uso da medicação hormonal, porque acham que vai evoluir para um câncer. Mas não vai alterar, são comorbidades já existentes. A dose é avaliada individualmente. Na menopausa, os hormônios sexuais desaparecem, praticamente zeram. Por que o uso daquele hormônio que você produz a vida inteira vai fazer mal? Pelo contrário. Mulheres vivem mais que os homens, mas também apresentam mais comorbidades e queixas, e isso passa pela questão hormonal.
Quem não recebe a indicação para a reposição pode utilizar medicações localizadas, em vez das sistêmicas, para queixas pontuais. De qualquer forma, é fundamental o acompanhamento médico.
Para viver melhor
De 2000 a 2010, o Rio Grande do Sul aumentou em 32% sua população idosa, relata a ginecologista Jaqueline Behrend Silva.
— Nós, mulheres, vamos passar, em média, de 30 a 40% da vida na menopausa. Não devemos deixar que esta mudança piore a nossa qualidade de vida. Mais do que nunca, devemos procurar ajuda profissional competente para entender nossas necessidades e indicações de tratamento.
Entre os benefícios da TRH destacados pela médica, estão alívio dos fogachos (os famosos "calorões"), melhora do sono, do humor, de dores articulares, de queixas geniturinárias, da secura vaginal, do desejo sexual e até mesmo da capacidade orgástica. Além disso, o tratamento atua na prevenção da perda de massa óssea e e muscular.
*Produção: Luísa Tessuto