Uma pergunta que muita gente se faz é se nossos pets teriam maior sensibilidade ao uso de condicionadores de ar no que se refere à saúde respiratória deles. E a resposta é afirmativa.
Embora eles, não necessariamente, sejam mais sensíveis — se comparados aos seres humanos —, animais de estimação, no quesito comportamento frente ao ar quente e frio, merecem muita atenção. Isso porque eles podem sim estar sofrendo com a imposição de uma situação em que acreditamos estar oferecendo conforto térmico, mas estamos fazendo justamente o contrário e colocando nossos mascotes numa verdadeira fria.
Não podemos esquecer também que cães e gatos têm uma temperatura corporal maior do que a nossa. E isso faz diferença quando o assunto é calor. Ao verificar com um termômetro, 38,5 graus podem assustar em um primeiro momento, mas é perfeitamente normal felinos e caninos apresentarem valores acima disso.
Além disso, eles têm pelo e a falta de glândulas sudoríparas faz com que equilibrem sua temperatura por meio da respiração. Sendo assim, pets que ficam na frente de uma fonte quente, como lareiras e estufas, não raro acabam saindo de fininho de cima do tapete por justamente estarem se sentindo sufocados enquanto a gente fica ali curtindo um calorzinho. Nós, humanos, por sofremos mais com a questão do frio, podemos então puxá-los de volta para o quentinho achando que estamos fazendo algo de bom para eles, quando, na verdade, estamos promovendo é um grande mal-estar aos coitadinhos.
O segredo é deixá-los à vontade, para que escolham a distância que querem manter de uma fonte quente neste inverno. Obviamente, não conseguem isso quando o assunto é ar-condicionado, temperatura controlada pelo dedo (no controle remoto) e a sensação de bem-estar exclusiva dos humanos.
Quando for assim, você pode perceber seu pet arfando, procurando um lugar mais afastado, como o banheiro, justamente por ser mais frio, ou até deitando sobre o piso sem tapete. Se isso acontecer, atenção: seu mascote não está gostando do ar seco ou da temperatura que você acha a ideal no ambiente para todos.
Além do calor, devemos ter em mente um outro elemento importante a ser considerado em tempos frios, que é a alergia. Se você espirra feito doido quando liga o ar-condicionado, atenção aos ácaros que seu aparelho pode estar pulverizando pelo ambiente. E se é ruim para uma pessoa, talvez também seja para um animal.
Cão e gato espirrando não precisa ser sinal de resfriado. O mais comum é seu pet estar tentando se livrar de um alergeno que entrou narina adentro. A limpezinha básica com produtos pingados nas narinas pode valer para os pets, mas cuidado com o uso de vasoconstritores nos animais sem conversar com o veterinário deles previamente.
Nariz de cães costuma ter mais cornetos nasais se comparado ao nosso. Para você ter uma ideia, se tivéssemos o nariz igual ao de um cachorro da raça Pastor Alemão, teríamos o equivalente a um extintor de incêndio no meio dos olhos. Então, a sensibilidade deste cachorro pode ser, sim, maior do que a nossa no que tange alergias. E ele pode, assim, espirrar para valer quando está fazendo um quadro alérgico.
Na dúvida, procure o veterinário. Existem produtos no mercado pet também para controlar esse tipo de reação.
E última dica: sabe quando a gente grita para fechar a porta por que vai entrar ar frio? Isso também vale para os animais que vivem dentro de casa. O choque térmico também passa por eles, que podem espirrar e até ter os brônquios comprometidos em função do ar frio que penetra sem aviso prévio no ambiente que estava para lá de quente.
Isso vale principalmente quando seu mascote desce do carro quentinho para enfrentar a rua. Se vai passear com ele no parque, evite ligar o ar- condicionado do carro a 29 graus para depois sair a uma temparatura de seis graus. Isso pode trazer desconforto e exigir um pouco mais do sistema imune do seu pet, que pode ser um daqueles mais sensíveis ao frio.
Falando nisso, o corpo dos animais que vivem na rua acabam se adaptando mais ao ar frio do que aqueles que vivem só dentro de casa. Contudo, esteja atento se eles de fato tiveram êxito nessa tarefa. Pode acontecer de animais de rua, em especial cães de guarda, estarem sofrendo com rinites nessa época do ano. Sinal disso? Espirros, olhos inchados e/ou vermelhos podendo até mesmo apresentar tosse.
Alguns cães passam a esfregar os olhos e a face com as patas e até mesmo ferir parte dos olhos, e isso confunde o diagnóstico dos tutores. Mas a gente percebe que é um indício de alerta. Esses sinais acabam sendo benéficos porque a presença deles — e suas consequências — preocupa os tutores, pessoas que então partem em busca da ajuda especializada, momento em que podemos auxiliá-los a enfrentar melhor, não apenas o frio, mas principalmente a umidade e as questões alérgicas que acompanham os pets nessa época do ano.
E acredite: é bem comum.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É - histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação". Escreve quinzenalmente em revistadonna.com.