Com o impacto da pandemia, muitos negócios precisaram se reinventar para seguir na ativa - incluindo o mercado da moda. No caso da estilista Solaine Piccoli, um dos principais nomes da moda festa do Estado, o cenário acabou abrindo espaço para que concretizasse um antigo sonho: lançar uma linha de roupas casuais (veja algumas peças na galeria acima).
No ateliê que funciona no bairro Três Figueiras, na Capital - e que ficou um bom tempo parado em razão das medidas de proteção contra a covid-19 -, era comum que a estilista cedesse ao pedido de clientes de longa data e criasse peças como saias e camisas sob medida. Quando o distanciamento social começou, em março, Solaine foi uma das primeiras a se afastar do negócio, por estar incluída em um dos grupos de risco. Em casa, o tempo livre fez sua criatividade aflorar.
— Ela ficou em casa, matutando, pra variar, e chegou com uma coleção inteira pronta, com saias, moletons — conta, entre risos, Júlia Piccoli, filha mais nova da estilista.
Na última semana, começaram a ser vendidas as primeiras peças da linha casual de Solaine Piccoli, que conta com peças com pegada confortável, como moletons. Cada modelo ganha bordados feitos manualmente com pedrarias, rendas, paetês e tule - tudo com a cara da grife. Tendências como as mangas bufantes, por exemplo, que fazem bonito neste inverno, também ganham vez na casual wear da grife.
— A ideia é manter a essência da marca — explica Júlia, que comanda o ateliê de Porto Alegre com a mãe e a irmã, Camila. — Prezamos pelo conforto, mas fizemos questão que tivesse o refinamento da marca. A ideia é que você possa estar confortável e arrumada ao mesmo tempo.
Em poucos dias, o retorno do público impressionou - e garantiu uma segunda coleção. Com as clientes mais antigas, Júlia conta que a nova linha era a oportunidade perfeita para que pudessem contar com uma nova peça com a assinatura de Solaine no armário.
— Elas ficaram emocionadas que poderiam ter outro Solaine — diz a também estilista. — Teve até clientes que nos seguiam no Instagram, mesmo que não pretendessem casar, mas que adoraram poder ter um produto da marca. Ficamos bem surpresas.
Júlia conta que os moletons já estão ganhando, inclusive, espaço nas lives e reuniões em vídeo: uma das clientes, que é advogada, fez questão de agradecer à grife por ter encontrado um modelo confortável e, ainda assim, arrumadinho, para participar de um atendimento online. Sinal dos tempos.
Como as peças são exclusivas e limitadas, a dica é ficar ligada no Instagram da marca para acompanhar as novidades - ou buscar atendimento pelo WhatsApp (51) 99572-2812.
Um novo momento
Logo que o vírus chegou ao Estado e motivou o fechamento do comércio, Solaine e as filhas passaram a buscar formas de ajudar a minimizar os efeitos da pandemia. Há cerca de três meses, começaram a investir na produção de máscaras de proteção. As primeiras levas foram doadas a entidades e hospitais em parceria com outras marcas do setor, como Julianna Fraccaro e Tout Moda Íntima.
Depois da ação conjunta, Solaine passou a fabricar máscaras com as costureiras de seu ateliê - um jeito de mantê-las na ativa e de ajudar quem precisa. A cada unidade vendida, outra é doada.
Desde abril, mais de 3 mil itens de proteção já foram destinados a hospitais e lares de idosos, por exemplo. Três meses depois, o serviço segue disponível.
— Foi uma forma de contribuir como marca, mas de uma forma real — explica Júlia.
Com a retomada gradual das atividades econômicas até a última semana - até Porto Alegre receber a bandeira vermelha no regime de distanciamento controlado do Estado -, as máscaras seguem sendo produzidas enquanto o ateliê, aos poucos, retoma suas funções. Seguindo as normas de proteção - e com um movimento menor do que o habitual, pelo momento -, uma cliente era atendida a cada turno, até a última semana.
Dentre as noivas, por exemplo, há aquelas que suspenderam, pelo menos por enquanto, todos os planos da cerimônia. E outras que adiaram a data do grande dia para o final do ano, ou para 2021, na expectativa de um melhor cenário.
— Algumas querem vir para provar o vestido, dizem que "precisam disso para animar" — conta Júlia.
Independentemente da data da cerimônia, o que a estilista já percebe é uma mudança no perfil das celebrações. Para quem não abre mão do dia escolhido, por exemplo, um casamento no civil pode ser a oportunidade de usar o tão sonhado vestido de noiva - talvez com menos pompa, mas com mais significado.
— Estamos incentivando as noivas a enxergarem as diferentes possibilidades — finaliza.