Há alguns meses acompanhei uma live com o amigo e publicitário Beto Bigatti (do @pai_mala) sobre punir ou não os filhos. Ele conversava com o educador parental Gustavo Quezada (que convidei para essa matéria) sobre os benefícios e malefícios do castigo para as crianças.
Imagine a cena: você falou pela enésima vez, mas seu filho não ouviu. Aos berros, você manda que ele vá para o quarto "pensar no que fez". Cinco minutos depois, você está como? Com o coração apertado pela culpa.
Se reconheceu? Pois você não está sozinha. Todas nós, em algum momento, temos a dúvida: castigar funciona?
Para Gustavo Quezada, que é adepto da disciplina positiva e pai de duas meninas, de nove e seis anos, para educar não é preciso usar métodos baseados em autoritarismo.
– Felizmente, pais e educadores estão questionando e estudando a cada dia mais sobre outras formas de educar as crianças. Formas que sejam positivas, criando relações duradouras. Quando estamos educando utilizando punição, humilhação e autoritarismo, o que conseguimos gerar nas crianças é medo – ressalta.
Punir ou não punir?
Muitos pais utilizam a estratégia do castigo pois o comportamento "inadequado" da criança é resolvido a curto prazo. Mas quando se fala em educação, precisamos pensar a longo prazo.
Quando estamos educando utilizando punição, humilhação e autoritarismo, o que conseguimos gerar nas crianças é medo".
GUSTAVO QUEZADA
Educador parental
A punição gera a falsa sensação de resultado imediato, porque cessa momentaneamente o mau comportamento. Isso acaba sendo uma armadilha para nós, porque achamos que resolvemos o problema, quando na verdade, estamos gerando diversos sentimentos e emoções negativas na criança, como ressentimento, retaliação, rebeldia e o recuo.
Isso não gera conexão entre pais e filhos e as crianças acabam pensando: "Isso não é justo", "não posso confiar nos meus pais", "eles estão ganhando agora, mas eu vou me vingar depois", "vou mostrar a eles que eu posso fazer o que eu quero."
Quando deixamos nossos filhos terem liberdade para participar e compartilhar o que estão pensando, sentindo e decidindo, eles se sentem responsáveis. Com a disciplina positiva, podemos decidir, junto aos nossos filhos, algumas regras para o benefício mútuo, ou seja, pensar em conjunto na resolução de problemas.
É importante durante o processo...
- Reconheça o erro
Compartilhe sua parte no erro com seu filho e evite criticar ou culpar. Foque no que você pode aprender com isso. Vamos errar muito na vida, então erre e aprenda rápido. Seja específica ao assumir a responsabilidade da sua parte, por exemplo: "Eu gritei com você em vez de dizer o que estava sentindo."
- Peça desculpas
É uma forma de você se reconciliar com seu filho. As crianças perdoam facilmente quando você demonstra que está verdadeiramente arrependido. Elas sentem que é genuíno.
- Resolva o problema
Não fique focando nas consequências do que aconteceu. Pense na solução. Faça um acordo com seu filho para corrigir o problema e evitar que ele se repita no futuro.
E lembre-se:
- Defina um limite, faça o acompanhamento e acompanhe a evolução.
- Cuide das suas próprias necessidades.
- Confie nele(a) para ser quem ele(a) é.
Vanessa Martini é mãe do Theo e jornalista. Tem um blog, o Mãezinha Vai Com As Outras, onde divida a rotina e os aprendizados da maternidade. Escreve semanalmente sobre o assunto em revistadonna.com.