A jornalista Alice Bastos Neves emocionou o país no dia 1º de outubro do ano passado ao abandonar a peruca durante a apresentação do Globo Esporte, da RBS TV. Ao assumir a careca no ar, resultado da quimioterapia que fazia parte do tratamento contra um câncer de mama, a gaúcha inspirou mulheres por todo o Brasil.
Neste mesmo dia, só que exatamente um ano depois, nesta sexta-feira (1º), Alice decidiu mais uma vez falar publicamente sobre a doença para conscientizar o público sobre o câncer de mama na data que marca o início do Outubro Rosa. Agora curada e com o cabelo crescido, a jornalista compartilhou uma foto antiga em que aparece careca e sorrindo ao lado da mãe e do filho em seu perfil do Instagram.
"Oi! Essa da foto aí em cima sou eu. Não precisa nem te dar ao trabalho de aproximar pra confirmar. Eu mesma fiz isso, como faço na tela do meu próprio celular. Mesmo com alguns pedacinhos faltando: cabelo, sobrancelhas, cílios, uma parte da mama, eu quase sempre me mostrei inteira pra vocês. Foram pouquíssimos os momentos em que me permiti estar ao pedaços nessa rede, como muitas vezes me sentia na vida", começou Alice em seu texto.
"Há um ano, decidi abandonar uma aliada que ajudou a sustentar minha autoestima por meses. No dia 1° de outubro de 2020, passei a apresentar o Globo Esporte RS sem peruca. Uma decisão particular, mas também coletiva. Para marcar o começo do Outubro Rosa e encorajar mulheres a encarar a quimioterapia da maneira mais íntegra e tranquila possível. Mas tranquilidade pra mim era maquiagem, colar cílios postiços, pintar a sobrancelha, e só assim reconhecer no espelho a Alice que eu sempre enxerguei. Até que eu percebi que ela estava ali de qualquer jeito. Diferente, mas ainda eu. E comigo, sempre cabe sorriso", refletiu.
"Essa foto foi de um momento muito feliz. Alugamos uma casinha na Serra. O Martin se escondeu em um baú e pulou pra nos dar um susto. Caímos na gargalhada e meu pai fotografou. Ele, minha mãe, meu filho - meus grandes companheiros na jornada da cura e de toda a vida. De vez em quando, volto a esse momento pra lembrar do tamanho do desafio. E pra lembrar de sorrir mesmo durante o desafio. Se no ano passado eu abri mão da peruca, nesse 1º de outubro fiz questão de compartilhar esse momento REAL. Sem alguns pedaços sim, mas ainda inteira. Ainda eu", concluiu.
Por fim, contou que o Globo Esporte RS estreia a segunda temporada da série Vitórias, que vai ao ar toda sexta-feira deste mês e conta a história de mulheres que encontraram no esporte e na atividade física aliados na vida depois da cura.
"Por todas as mulheres que, como eu, passaram ou estão passando por isso. Por todas as pessoas que vivem ou viveram isso de perto. Por todas que passaram para outro plano, mas também são vitoriosas. (...) Cura só vem com diagnóstico precoce. Já fez teus exames de rotina? Enfrente! Para poder seguir 'em frente'.", lembrou ela.
Confira o post:
Em entrevista à Donna no ano passado, na edição da qual foi capa, Alice abriu o jogo sobre os altos e baixos do tratamento. No papo, a jornalista revelou como foi a surpresa do diagnóstico, reforçou o papel indispensável de sua família no processo e contou como manteve o seu característico alto-astral durante o período.
— Esse astral mais alto é uma característica minha, gosto de ser assim. Mas, no tratamento, mais do que ter uma intenção, é uma decisão manter o alto-astral. Me permiti cair em vários momentos, mas as levantadas foram na base da leveza, do bom humor. Não é “Vou ver se vou conseguir ficar numa boa". Foi: “Vou ficar numa boa". Não é que eu seja melhor ou pior, cada pessoa passa por isso de um jeito. Cada um leva como conseguir, é o sobreviver — disse ela.
Por fim, afirmou que "ninguém sai dessa doença do mesmo jeito".
— Acho que mudou completamente a minha maneira de ver as pessoas, no sentido de valorizar quem está comigo na vida. E estou tentando dizer isso sem ser clichê, mas não tem muito como (risos). É clichê, é transformador, ninguém entra e sai dessa doença do mesmo jeito. Comigo a mesma coisa, saio outra Alice. Principalmente dando valor às pessoas que estão junto de mim — concluiu.