É fato que emagrecer fica mais difícil com o passar dos anos – já falamos sobre isso aqui. O metabolismo passa a funcionar de um jeito diferente e a briga com a balança se torna uma constante na vida de muita gente, já que o conteúdo de gordura no corpo também tende a aumentar. Aí entra a importância de se adotar uma rotina de cuidados para se manter no peso adequado, que varia para cada um. Embora não exista um valor único ideal para todo mundo, o percentual de gordura apropriado para mulheres adultas fica em torno dos 20%. É possível ser ainda menor, mas isso envolverá restrições alimentares e bastante exercício físico.
O mesmo vale para o conteúdo de massa muscular, não existe um percentual ideal que sirva para todas. Nós vamos perdendo massa magra com o passar do tempo, por isso, os valores de referência também vão se alterando. No entanto, em média, mulheres adultas saudáveis deveriam ter cerca de 25% a 30% de massa muscular – sendo acima de 30% valores muito bons. Quanto maior esse percentual, mais fácil é manter o peso estável, a boa disposição e o funcionamento adequado do organismo.
O peso corporal, medido isoladamente na balança, não pode ser considerado um bom parâmetro para avaliar o estado de saúde, pois esse número não reflete a real composição corporal. Pessoas bem ativas têm massa muscular aumentada (e provavelmente percentual de gordura baixo) e sedentários têm massa muscular diminuída (e, talvez, percentual de gordura alto). Essas proporções, apesar de na prática refletirem dois corpos totalmente diferentes, podem resultar no mesmo número na balança.
Por isso, é importante medir a composição corporal (percentual de gordura e de massa magra) e não só o peso, para evitar a falsa impressão de emagrecer, quando, na verdade, estamos perdendo músculos (o que não é legal), ou de engordar, quando, de fato, estamos ganhando músculos (o que é ótimo).
Quando se inicia uma reeducação alimentar e um programa de exercícios físicos, é comum passar por essas variações (perder gordura e ganhar músculo), o que não ocorre é a transformação de gordura em músculo. Esses dois tecidos são completamente diferentes em suas funções e composições, com processos separados e independentes.
Entenda as diferenças
- Perder gordura sem ganhar massa muscular: dieta restritiva, sem praticar atividades físicas;
- Perder gordura e massa muscular: com alimentação que não supre as necessidades energéticas (calorias) necessárias no dia;
- Perder gordura e ganhar massa muscular: ainda que numa taxa pequena, fazer dieta adequada para as demandas calóricas e associar uma rotina de exercícios coerente com o objetivo de cada um;
- Ganhar gordura e massa muscular: ingerindo quantidade extra de calorias e treinamos com o objetivo de hipertrofia;
- Ganhar gordura e perder massa muscular: ficando sedentária e ingerindo mais calorias do que gasta.
Perder gordura e ganhar massa muscular são dois processos fisiológicos diferentes, complexos e independentes. Eles podem ocorrer ao mesmo tempo, mas não existe a transformação de um tecido no outro. Lembre-se de que, para melhores resultados, é importante procurar a orientação de profissionais capacitados.
Raquel Lupion é formada em Nutrição e Educação Física, tem especialização em Nutrição Clínica e Mestrado em Ciências do Movimento Humano. Sua motivação é promover um estilo de vida saudável, fugindo de radicalismos e tentando encontrar o caminho do meio entre o que é necessário e o que é prazeroso. Na vida profissional, divide seu tempo entre atender em consultório, dar aulas de ioga, palestrar e ministrar cursos. Escreve semanalmente em revistadonna.com.