Mesmo que os conteúdos sobre skincare não sejam seus favoritos, você já deve ter visto nas redes sociais alguém passando uma placa de pedra no rosto. A prática, que é sucesso absoluto na internet, se chama gua sha, uma técnica de automassagem facial realizada principalmente com os cristais jade e quartzo rosa.
Influenciadoras de beleza do TikTok argumentam que os benefícios vão desde melhorar a circulação sanguínea até reduzir o inchaço, promover drenagem linfática, atenuar as rugas e acentuar a definição e contorno da face.
A tendência, embora pareça inovadora, segundo a dermatologista Carolina Rocha Barone, não se trata de uma novidade. O procedimento é milenar, tem origem na China (gua, que significa raspar, e sha, vermelhidão, em tradução livre) e auxilia, sim, na beleza. Porém, nem tudo o que citado na web tem comprovação.
— A gente sabe que, pela pressão do contato da pedra, conseguimos estimular a circulação sanguínea. Isso aumenta a quantidade de oxigênio e nutrientes, deixando a pele mais saudável. Mas é improvável que camadas mais profundas consigam ser estimuladas a ponto de produzir mais colágeno para melhorar a flacidez e as rugas já instaladas — esclarece.
A médica relata que, cada vez mais, pacientes demonstram interesse ou relatam que já vêm praticando o gua sha. E acrescenta, mesmo que ainda faltem estudos validando a efetividade, não há motivo para descartá-la:
— Considero bem importante alinhar as expectativas com os benefícios limitados que a técnica traz no quesito rejuvenescimento e tratamento de rugas. Os pacientes que dedicam um momento do dia para se cuidar, que gostam da sensação que a massagem com a pedra traz, podem continuar fazendo, porque é benéfico. Já para as pessoas mais práticas, que não gostam de desprender muito tempo nos cuidados com a pele, não vejo motivo para ser estimulada.
Como funciona
Carolina Rocha Barone explica que, além de jade e quartzo rosa, há diferentes cristais que também podem ser usados na experiência. Olho de tigre, ametista e ônix estão entre eles. Outros recursos queridinhos são roller de pedra ou mesmo as próprias mãos:
— Podemos exercer pressão na pele e massageá-la com outros dispositivos, fazendo movimentos que ajudem na drenagem linfática e promovam bem-estar. Mas, possivelmente, o efeito será menos potente do que com a pedra adequada.
Para quem tem interesse em incluir o procedimento na rotina de skincare, a dermatologista explica que a técnica pode ser aplicada diariamente, uma vez ao dia. Ela indica o passo a passo:
- Escolha uma pedra apropriada
- Apklique, de acordo com o tipo de pele, um produto para fazer a pedra deslizar, como um óleo não comedogênico (que não provoque acne), um sérum ou creme hidratante. Isso permite que a placa deslize suavemente e evita trauma local.
- Use um dispositivo limpo: a pedra pode ser higienizada com sabonete neutro e água corrente.
- Para fazer a massagem, a pessoa deve fazer um movimento de pressão leve, do centro para a lateral da face, de baixo para cima. A inclinação da pedra é de mais ou menos 15 graus, deve-se evitar deixar a 90 graus da pele. O formato da pedra permite que os movimentos sejam intuitivos. Pode-se repetir o mesmo movimento cerca de cinco vezes, dependendo da sensibilidade da pele.
Contraindicações
A dermatologista explica que pacientes que tiverem realizado procedimentos estéticos com toxina botulínica, ou botox, devem aguardar cerca de 15 dias para fazer a massagem. Para pacientes que tiverem feito o uso de preenchedores, o tempo que devem aguardar é de 30 dias. Carolina explica que, na maioria dos casos, gua sha é considerado seguro para todos os tipos de pele. Porém, alguns cuidados devem ser tomados.
— Dependendo da força empregada, a região pode ficar dolorida e podem surgir hematomas. Pessoas com rosácea, ou com pele sensível de forma geral, bem como quem toma usa anticoagulantes deve evitar o uso — finaliza.
Nem só no rosto
A médica faz um adendo sobre a eficácia do gua sha, pontuando que ela é diferente quando o assunto vai além da face:
— Em relação à evidência científica, a gente tem poucos estudos, com poucos pacientes, mas existe, sim, comprovação da eficácia. Só que não na finalidade de melhorar a estética do rosto, mas em outras áreas corporais, com melhora da dor e do relaxamento muscular.