Vamos combinar de parar com o “vai passar”? Honestamente, isso não está fazendo bem para ninguém. Primeiro, porque cria uma expectativa nas pessoas e todo mundo fica congelado esperando que passe. Segundo, porque talvez não passe.
Até agora, pelo que percebo, estamos todos estáticos olhando para um futuro que eventualmente pode não chegar, o de viver novamente aquela efervescência toda de restaurantes lotados e pessoas na fila.
Enquanto está tudo fechado, é ruim. Daí reabre imaginando que tudo vai ficar bem, e é péssimo. Tem que fechar novamente, e é uma tragédia. Por quê? Porque estamos fazendo isso sempre com a esperança de que vai passar.
É duro dizer isso, dói demais. Mas é um processo natural, estamos todos presos no primeiro estágio, o da negação. O que nos impossibilitava completamente de enxergar com clareza as coisas e de encarar corretamente o destino.
Não dá para pular direto para o último estágio, é necessário viver cada um deles da sua maneira. Então, ainda vai pintar a raiva, a negociação e a tristeza, até que se chegue no mais importante: a aceitação.
Entender que ferrou geral, que não há muita saída, e que a única solução é assumir que o desafio é grande, mas que precisa ser encarado, por incrível que pareça, facilita as coisas. É daqui para frente a partir de agora.
Isso funciona muito bem porque nos descola de algumas prisões emocionais. Interrompemos aquela ficção para recobrar a consciência, respirar fundo e tocar a vida.
Neste momento, descobre-se o mais importante: a existência de um mar de oportunidades. Todas elas diferentes, nem melhores, nem piores. E que, durante esse tempo todo, estava em uma prisão só, que era seguir executando o formato antigo.
Tudo mudou. E vai mudar ainda mais. Não dá para negar, a única forma de perpetuar as iniciativas é aceitando essa mudança. Pensando bem, aceitar que não vai passar pode ser uma forma de passar. Agora fiquei confuso!