Karine Camejo é barista, empreendedora e proprietária do Valkiria Café, estabelecimento que trabalha o conceito de “takeaway” (ou bebida para levar). Atualmente, há três operações em Porto Alegre, sendo uma recém-inaugurada no cofre do Farol Santander.
Você sempre teve interesse pelo empreendedorismo?
Sim! Sempre gostei dos negócios e queria ser independente financeiramente desde criança. Desejava fazer minhas coisas e ter meu dinheiro. Além disso, adoro cozinhar e comer. Minha avó produziu chocolate por um tempo e, quando eu tinha oito anos, vendia-os na feira de Páscoa do colégio. No ano seguinte, fizemos uma banca maior e faturamos superbem de novo. Quando pequena, pensava em ser médica. No fim das contas, resolvi cursar Administração para ver se gostava mesmo da ideia e aí resolvi ir por esse caminho.
Como foi o processo de criação do Valkiria Café?
Eu fiz a faculdade na ESPM e adorei devido o apelo ao marketing. Sempre trabalhei com isso. Gosto de atendimento, de gente, de trabalhar com design de experiências, de métrica e de digital. O meu primeiro contato com o setor foi profissional, trabalhando no Café do Mercado. Na época, minha primeira missão foi organizar um curso com a Silvia Magalhães, uma das maiores baristas que temos hoje no Brasil. Eu pedi para ficar assistindo e
acabei me encantando mais ainda pela área. A profissão me chamou atenção por que, além de ter contato com o público, lida com a parte técnica do preparo das bebidas.
Como surgiu a proposta do lugar?
A partir do Valkiria Inteligência Criativa, um estúdio de design estratégico e de produto fundado em 2013 pelo meu marido, Guilherme Camejo, e outros sócios. Quando eu decidi abrir o café, percebemos que não havia nada em Porto Alegre no estilo takeaway, com a ideia da conveniência e do preço justo. A maioria só oferecia copos de plástico. Ninguém pensava a ideia de fato. Além disso, moramos fora e tivemos excelentes experiências bebendo cafés para levar. Então, apostamos nesse conceito, de mostrar que se pode ter um produto de qualidade, e que não é porque está pré-pronto que não tem nenhum carinho ou cuidado na produção.
Você notou alguma diferença no mundo do café nos últimos anos?
Existe uma preocupação com a chamada terceira onda do café, na qual a estrela é o grão. Nessa ideia, se trabalha ainda mais a qualidade e as torras, que estão mais leves e com diferentes métodos de preparo. Se foca
no sabor, que se tornou mais agradável. Seguindo essa ideia, estamos migrando para outra formas de produção,
melhorando a qualidade dos grãos que estamos consumindo. Hoje, no Valkiria, trabalhamos com cafés com selo BSCA, a entidade que certifica a bebida. Eles garantem questões como não contratar trabalho escravo ou infantil e ter responsabilidade ambiental e social.
Quais as principais características que um estabelecimento gastronômico precisa ter para alcançar o sucesso?
Localização, conceito bem amarrado, para não ser apenas “mais um”, e gestão.
Como fazer um bom café em casa?
Ter um café de qualidade, comprar de preferência em grãos – o que é possível em vários lugares de Porto Alegre – e, se puder moer em casa. É uma maravilha! Além disso, tem que cuidar para usar recipientes limpos e apenas água filtrada. Porque o café, em sua grande maioria, é água. Depois, é importante observar as preferências, se gosta mais forte ou mais fraco. Às vezes, a gente fica cheio de dedos pensando o que é correto e o que não é na
hora do preparo. Mas, a verdade, é que o correto é a gente ser feliz com o café que a gente toma.
* Conteúdo produzido por Victoria Campos