Uma parisiense que largou a Europa, em 2013, para abrir o seu negócio. À frente da Liz Pâtisserie Français, ela elabora doces feitos a partir de ingredientes orgânicos que respeitam a natureza e o equilíbrio dos sabores.
Como começou a sua história com os doces?
Eu sempre gostei de cozinhar. Desde muito pequena, eu misturava as coisas, criava. Minha mãe fazia bolos, de todos os formatos. Me lembro dos ursos, dos trens, amava aquilo. Foi ao natural o gosto pela culinária e pela confeitaria. Sempre foi meu sonho trabalhar com as artes, achei que a gastronomia se aproximava disso. Quando pude me permitir, não hesitei.
Por que você se mudou para o Brasil?
Minha primeira motivação foi ir para a Argentina. Eu tenho mestrado em Desenvolvimento Embrionário e doutorado em Fisiopatologia do Fígado e estava em busca de um pós-doutorado. Me encantei pela área de pesquisa em Câncer e Inflamação, de uma universidade do Rio de Janeiro. Então, quis estudar em um lugar com bastante sol, pensei que seria bem mais divertido.
Como veio parar em Porto Alegre?
No meio dos estudos, ainda no Rio de Janeiro, conheci um gaúcho na fila do cinema enquanto fazia pesquisa de
campo. Nos apaixonamos e ele estava voltando para Porto Alegre. Ficamos namorando à distância. E, quando vim visitá-lo, me encantei pela cidade. Estava querendo deixar o Rio e achei Porto Alegre um lugar muito bom para
viver. Ao chegar, dei aula de francês e trabalhei no Restaurante Xavier. Em dezembro de 2018, resolvi ter meu
próprio espaço.
O que mais gosta na cidade?
Adoro a natureza, adoro árvores. Gosto muito de viajar para a Serra e para as montanhas. Em Porto Alegre, gosto dos parques e dos bairros com bastante verde. E gosto do cheiro de churrasco que tem aos domingos na cidade. Também acho muito legal a possibilidade de ter muito o que fazer à noite. Tem para todos os gostos e bolsos.
Por que optou por abrir um negócio?
Eu não estava feliz com a minha profissão de pesquisa. Eu sempre quis a gastronomia. Lá na França, somos acostumados com a alta gastronomia desde pequenos. Aqui, consigo me realizar e ser a minha própria chefe. Me preparei para abrir o negócio. Fiz especialização em Gestão de Empreendimentos em Gastronomia para poder entender os desafios além da cozinha, que era aonde eu me sentia confortável.
Você sente falta de algo da França?
Sim. Eu nasci em Paris. Adoro a diversidade da cidade. Sinto falta das paisagens. E muita saudade das pessoas,
amigos e família. E também dos vinhos.
Quais as principais características dos seus produtos?
Eu cuido do fornecimento dos meus insumos. Tudo é natural. Não uso nada industrializado. Também gosto das frutas da estação. Agora, por exemplo, estou com um macaron de bergamota e com uma torta que vai mousse de caqui. Prezo pelo equilíbrio. Adoro a mistura e as combinações, e as sensações que elas causam nas pessoas. Não gosto de um sabor prevalecer ao outro. O equilíbrio é que me encanta.
Você se considera diferenciada no ramo? Se sim, por quê?
Acho que sim. Sou uma das poucas francesas aqui. Acho que isso é um diferencial em como eu faço as receitas
e no que ofereço na minha confeitaria.
Quais são as expectativas da Liz Pâtisserie Français a curto prazo? E a longo prazo?
Eu quero que o meu negócio prospere. Que o bairro me conheça e as pessoas gostem de ir na Liz Pâtisserie. Estou entrando aos poucos no circuito dos eventos e quase lançando meu primeiro workshop de macaron. E, para longo prazo, gostaria de ampliar a Liz para outros bairros e, quem sabe, para outros projetos gastronômicos também. Ambição não custa nada, né?
* Conteúdo produzido por Victoria Campos