Durante algum tempo, uma das experiências mais marcantes da minha vida foi o menu degustação do antigo Le Monde, do chef Floriano Spiess, ainda na sua primeira versão, perto da rodoviária de Canela.
Não sei bem se foi porque realmente era inovador ou porque era diferente de tudo aquilo que eu já havia vivido até o momento. Em seguida, o que mexeu bastante comigo, foi um menu harmonizado em Buenos Aires, em um lugar chamado Casa Coupage. Era uma parada tão diferente que quando o taxista chegou no local, quase me proibiu de sair do carro por ter achado muito suspeito aquele sobrado abandonado de dois andares em Palermo.
Foi demais, haviam apenas oito mesas. A esposa do magro cozinhava e ele casava os vinhos, tudo em uma sintonia maravilhosa. Tempos depois, descobri ser um clube praticamente exclusivo de grandes tomadores de vinho da Argentina.
Teve uma outra vez que também foi tremendamente marcante, no Le Chateaubriand, em Paris, do chef Iñaki Aizpitarte, um lugar que quebra paradigmas em uma das capitais mais gastronômicas do mundo e que foge daquele conceitinho batido de bistrô-com-mesinhas-na-calçada.
Outra incrível foi durante a lua de mel, ficamos hospedados num chateaux em Les Baux de Provence, e, ao chegar, descobrimos que o restaurante do hotel, chamado L’Ousteau de Baumanière, tinha estrela Michelin. Resolvemos começar com o pé direito e nos esbaldamos numa experiência de cinema que até hoje, por vários motivos, mora no meu coração.
Sucessivamente, eles foram expandindo minhas referências, me mostrando novos horizontes e roubando posições no meu ranking. Mas, hoje em dia, sabe o que mais pontua na minha escala pessoal?
Pastel de feira com massa sequinha. Torrada de pão caseiro com queijo colonial. Angolini artesanal da tia. Pão de queijo do posto em Pelotas. Polenta frita bem fininha. Panqueca de doce de leite. Enfim, essas coisas raízes. Fico pensando se talvez meu paladar esteja regredindo. Ou, quem sabe, evoluindo.
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