Felipe Andreis, sócio da Nonno Mio, tradicional cantina de Gramado, conta sobre como enxerga o mercado gastronômico. Junto do tio, Pedro Andreis, ele segue à risca o que os avós começaram, há mais de 30 anos, na Serra.
Como se manter referência mesmo com tantas novidades no mercado?
São três coisas: qualidade, que não deixamos cair, lealdade à nossa história e fidelização do cliente. Os nossos avós começaram o negócio e nós os seguimos à risca. O cliente nota isso. A pessoa que vem aqui sente nostalgia, o que, na gastronomia, é sempre bom. Quem tem carinho pelo nosso estabelecimento sempre nos verá como referência. Pode até preferir ir em outro lugar, mas isso não faz com que
deixe de gostar da gente.
Qual a proposta do Nonno Mio e do Casarão? (Os dois estabelecimentos da família Andreis em Gramado)
O Nonno Mio é um restaurante familiar, alegre, extrovertido. Um espaço para ir com bastante gente. Conseguimos montar mesas para até 30 pessoas. É barulhento e, por incrível que pareça, não somos nada românticos. Somos uma legítima casa da nona: comida boa, bem servida, atendimento excelente e clientes à vontade. Já o Casarão é mais escondido. Não muda o modelo de trabalho, mas a ideia é voltar às origens e passear pelo passado. Lá, cozinhamos porco, pato, coelho, cordeiro. Usamos esse tipo de produto em uma cozinha de fogão a lenha.
Qual é o maior desafio que vocês enfrentam atualmente?
Mostrar o nosso valor ao cliente novo. O antigo já sabe das nossas qualidades: o nosso lema é “caro é o que não vale a pena pagar”. E eu realmente me preocupo em conseguir mostrar que a nossa comida é boa, a nossa história é verdadeira e o nosso atendimento é de primeira.
Como manter a clientela?
Hoje, entendo que os clientes vêm por uma série de fatores. Obviamente, por uma boa divulgação da marca e uma boa reputação, principalmente para quem vem pela primeira vez. Mas, o ponto principal é se manter fiel àquilo que se acredita. Eu não acredito em churrascaria que também serve sushi. As propostas não combinam e, certamente, não será o melhor sushi que eu vou comer. Então, não vale a pena. O consumidor não quer só prato bonito, ele quer o contexto todo. Além disso, é importante que haja a presença do dono no restaurante. O cliente gosta de vê-lo, de conversar com ele e isso faz com que as pessoas se sintam em casa. E quando elas estão à vontade em um lugar, é difícil querer trocá-lo.
Por que escolheram Gramado?
Essa resposta é simples e fácil. Nós e nossa família somos da cidade. Nossos avós cresceram e construíram uma história por aqui. Inclusive, eu, que fiquei bastante tempo morando longe e fiz uma graduação em outra área, voltei para Gramado na primeira oportunidade que tive.
O que você diria para quem deseja iniciar um empreendimento gastronômico?
Eu diria para entender se há paixão por aquilo. Conheço muitas pessoas que amam frequentar restaurantes e cozinhar para os amigos, mas abrem restaurantes e fecham os lugares logo depois. Isso porque confundem o que é trabalhar profissionalmente na gastronomia e o que é curtir essa área como consumidor.
Por que você acha que as pessoas devem ir ao seu estabelecimento?
Porque eu realmente entrego uma vivência completa. Quem vier, verá o que é uma comida de qualidade e o que é ser bem atendido, além de ter a confiança e a admiração pela história que escuta. Aqui, oferecemos uma experiência difícil de encontrar em outros lugares.
* Conteúdo produzido por Victoria Campos