À frente da cozinha do Fat Bull Tap House, estabelecimento de Novo Hamburgo especializado em cervejas artesanais, Fernanda prepara pratos veganos com o sabor típico de boteco.
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7 perguntas para Claudia Schumacher
Como foi o início do seu interesse pela gastronomia?
Me mudei para São Paulo em 2013, recém-formada em Teatro. Três dias depois já estava trabalhando no Restaurante Spot. Logo fui para a cozinha, na função de marchar os pratos, organizar as comandas, finalizar e aprovar os pedidos. A minha praça ficava virada para o salão, então, eu via de perto a satisfação dos clientes e aquela adrenalina me motivava muito. Depois de três anos de experiência diária e intensa, eu queria mais. Entrei para a faculdade de Gastronomia para entender melhor as técnicas e aplicar o conhecimento adquirido na prática. Foram os anos mais incríveis da minha vida.
Por que você resolveu dedicar-se à vertente natural?
Fui vegana por algum tempo. Acredito na causa animal e, principalmente, na sustentabilidade do planeta. Ingerir produtos de origem animal está diretamente ligado às catástrofes ambientais e socioeconômicas atuais. De uns 10 anos para cá, o movimento vegetariano e o estilo de vida vegano crescem exponencialmente e em velocidade acelerada. As pessoas estão mais tolerantes, ouvindo mais e tendo mais curiosidade. As campanhas como a “segunda-feira sem carne” estão atraindo cada vez mais adeptos. Com isso, surge espaço para estabelecimentos que não trabalham com nada de origem animal. Mas o que mais impressiona são as grandes marcas que estão incluindo opções veggies. Isso não existia antes.
Como funciona essa desconstrução de unir cerveja e comida vegana?
Na verdade, a desconstrução tem mais a ver em mudar a ideia de que comida vegana não tem sabor, não tem textura. Ela pode ser muito saborosa. Há muitas coisas que a gente já ama e que nem nos damos conta de que são veganas.
O que os clientes podem esperar do cardápio assinado por você para a Fat Bull Tap House?
Uma cozinha jovem feita com muito amor. Ela está sendo construída com o pub, tentando trazer aos pratos a personalidade dos meninos (os proprietários), que são os verdadeiros ícones da Fat Bull e por quem todos têm muito carinho. A dedicação deles ao negócio é o que, ao mesmo tempo, mais os afasta da ideia de ser um negócio. Lá, nos sentimos em casa. A vibe é incrível. Estamos, juntos com os clientes e amigos, adaptando as melhores ideias para que todos continuem entrando e saindo felizes, captando essa energia boa tão enraizada na proposta.
Como foi a criação do cardápio?
Intensa e contínua. Com o total apoio e ideias dos meninos, principalmente do Tiago Bird. Os três são apaixonados por gastronomia, e as decisões foram tomadas em conjunto. As inspirações vêm deles, de viagens que fizeram e da tentativa de trazer coisas gostosas e diferenciadas.
Um prato imperdível do cardápio da Fat Bull.
A entrada que mais faz sucesso é o bolinho de costela com geleia de pimenta. Também temos burger vegano e várias opções que vão entrar neste semestre e que são novidades.
O que você diria para as pessoas que não são adeptas ao veganismo/vegetarianismo?
Que ainda vai levar algum tempo até que essa conduta seja aceita e difundida entre todos. Mas, enquanto isso, como profissional da área, o que eu mais quero fazer é incluir. Acredito na inclusão bem-feita de comidinhas leves, saudáveis e com equilíbrio e liberdade, assim, cada um faz a sua escolha em seu tempo.
* Conteúdo produzido por Victoria Campos