Um grupo composto somente por mulheres está à frente da Associação dos Produtores de Vinhos Finos da Campanha Gaúcha. Hortência Ravache Ayub, da Vinícola Campos de Cima, de Itaqui, assumiu a vice-presidência para a gestão do biênio 2018-2019.
Historicamente, as mulheres encontraram resistência para ingressar na indústria do vinho. Como foi o teu ingresso na área?
A nossa família entrou no mundo do vinho em 2002. Nós já tínhamos propriedades de lavoura de arroz e pecuária, mas acabamos também implantando um vinhedo. Nossa vinícola, a Campos de Cima, está na campanha gaúcha, e nasceu numa época em que muitas outras também surgiram.
Como é a participação das mulheres na produção de vinhos hoje?
Está crescendo muito. Neste momento, estou no Congresso Latino-americano de Enoturismo, com participação de vinícolas de vários países, e a gente vê um grande número de mulheres falando sobres suas experiências. A primeira palestra inclusive foi de uma mulher, e eu vou falar sobre os vinhos da Campanha e a Campos de Cima.
O que esse grupo formado por mulheres pode trazer de diferente para a associação?
Essa foi uma ideia que a Clori Peruzzo, nossa presidente, começou com as companheiras das vinícolas e, então, surgiu a chapa totalmente feminina. A mulher tem um jeitinho especial de levar as coisas e estamos muito entusiasmadas e com garra. Todas estão trabalhando para trazer o nome da Campanha cada vez mais à tona. E não somos só nós da chapa, mas outras mulheres de fora também estão presentes.
Qual será o foco de trabalho da nova gestão da associação?
É no enoturismo que nossa direção quer focar o trabalho. Queremos fortalecer essa área porque acreditamos que é uma maneira de mostrar não só o produto, mas também a Campanha, que é linda, vasta e mantém muitas das características dos gaúchos, com a tradição e a cultura muito arraigadas. A gestão anterior já veio trabalhando com isso e agora estamos focando ainda mais, porque sabemos que o turismo é um grande nicho na economia do país. Percebemos que as pessoas querem saber que vinho é esse que estão fazendo em uma região que não é muito famosa pela vitivinicultura.
Quais são as expectativas de produção da Campanha para o biênio?
A Campanha é vista como uma nova região vitivinícola, com um excelente terroir, porque encontramos um clima e um solo muito propícios para seu desenvolvimento. É difícil criar uma expectativa, porque dependemos de vários fatores. Em 2018, tivemos uma excelente safra em termos de qualidade e estamos apostando que em 2019 tenhamos um produtividade ainda maior.
Um vinho inesquecível.
O primeiro que nós produzimos na Campos de Cima foi um que não vou me esquecer. Foi muito significativo.
Uma viagem gastronômica.
O Peru, que é o país que hoje, em termos de gastronomia, está com coisas maravilhosas.
O que nunca vai faltar na sua geladeira?
Um vinho branco gelado.
Um bom lugar para beber vinho.
Minha casa. Eu não tenho uma grande adega, mas somos bons consumidores e vamos comprando aos poucos.