Comecei a tomar café porque achava bonito aquele ritual que a minha vó fazia de trazer uma térmica com café passado depois do almoço e todo mundo ficar em volta esperando sua xícara. No começo, ainda criança, eu nem gostava e colocava horrores de açúcar para adoçar o gosto forte.
Tempos depois, o café entrou na minha vida como companheiro de trabalho. Passava muitas horas em uma agência de publicidade e visitava a máquina de café pelo menos umas quatro vezes por dia. Mais uma vez, ele tinha um papel social importante, pois era na volta da máquina que rolavam as conversas de corredor. Nessa altura da vida, já tinha trocado o açúcar pelo adoçante.
Eis que descobri o espresso. Sua intensidade me ganhou rapidamente. Passei a desprezar outros estilos e só queria saber dele. Comecei a visitar cafeterias legais, que me convenceram a parar de adoçar o café. Me rendi e percebi que de fato faz muita diferença tomá-lo puro. Apesar disso, não sou daqueles que olha feio para quem bebe café com açúcar. Gosto não se discute.
Fui para a Itália e lá me apresentaram o ristretto, aquele bem curtinho, forte que dói. Me apaixonei. Em outra viagem pela Austrália, fiquei embasbacado com os lattes. Mas a curiosidade me levou a provar diferentes estilos, como o café passado e o aeropress. Cheguei naquele estágio de comprar apetrechos para fazer em casa e a provar grãos de várias regi- ões, mesmo que ainda sem entender muito sobre o assunto.
Passei a gostar do café de todas as formas. Hoje ele é um companheiro diário e não sei mais viver sem. O café me ensinou que grande parte do gostar de uma comida ou bebida é costume. É experimentar de tudo até entender do que se gosta. Pense bem, isso vale para quase tudo, menos para bife de fígado.
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