Ao editar a matéria que publicamos no caderno Destemperados de 1° de janeiro de 2016 (leia aqui) sobre as apostas de especialistas para o ano que chega, fiquei pensando em como seria a gastronomia do próximo ano para mim, a gastronomia que se encaixaria quase que perfeitamente nos meus desejos e possibilidades. Peguei, então, carona no conceito que alguns dos entrevistados trouxeram ao debate e baseei meus anseios: simplicidade. Deixar uma refeição, uma experiência mais simples é a chave para eu me sentir bem e curtir muito mais o que me é tão caro e estimado.
Quero que a gastronomia de 2016 me permita tomar um espumante comendo um sanduíche (e que eu não precise, necessariamente, harmonizar a bebida com camarões). Quero encontrar um maior número de padarias que sirvam café da manhã (que não precisa ter nada de chique, apenas um bom café com leite e um pão na chapa _ isso realizaria também o sonho de uma amiga paulista). Quero que não me cobrem fortunas por um farroupilha e uma meia-taça (e que não surja mais em mim a vontade de ser irônica e perguntar se é possível parcelar). Quero que os food trucks conquistem uma legislação que os torne parte do nosso dia a dia, eles que são a expressão máxima da comida rápida e saborosa.
Quero que tudo seja mais simples. Que as lojas especializadas em vinhos ou cervejas sejam ainda mais receptivas, que as pessoas se sintam à vontade para entrar e comprar cervejas de R$ 15 e vinhos de R$ 30, que o consumidor entenda _ e aí o dono do negócio tem grande responsabilidade _ que não precisa ter R$ 200 na carteira para tomar um espumante de qualidade.
Quero que, nos restaurantes, os garçons se sintam livres para conversar com os clientes e indicar os pratos que eles verdadeiramente preferem, quando questionados. Que os donos desses lugares exponham o menu na entrada para que as pessoas, antes de entrar, consigam saber se a experiência cabe no seu bolso.
A gastronomia tem estado mais simples. Mas falta algo. Falta que as pessoas, de um lado e de outro, compreendam, enxerguem e reforcem isso. Da maneira mais à vontade possível.
* Conteúdo produzido por Tatiana Tavares