“Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar…” Carmen Miranda, maravilhosa, já tinha avisado isso faz tempo. A gente não deu muita bola. Tocou a vida, seguiu fazendo feijoada aos domingos e churrasco no meio da semana.
Por falar em churrasco, acho que é uma ótima opção de menu — digamos assim — para a última refeição, se o mundo for mesmo se acabar. Reúne a família, aguça os dons culinários de todo mundo e termina com sagu.
Sagu é vida! Se é para deixar esse mundo, que seja mergulhado em um pote de sagu com creme na medida. Não me venha com creme a mais ou a menos. O creme do sagu tem que ser na medida.
Na minha família, meu primo João Paulo faz um churrasco de dar gosto! Seleciona as carnes como um ourives e inicia o ritual controlando pelo Waze a nossa geolocalização. Não pode se atrasar.
O ponto da carne não espera. Está certíssimo o João! Eu me apronto, chego na hora, empunho garfo, faca e farinha crua — sim, churrasco é com farinha crua — sirvo meu vinho, e espero o desfile começar.
Minha tia Marilú — que também é madrinha. E madrinha é coisa séria! Pelo menos aqui na nossa terra, madrinha tem um significado que não tem em mais lugar nenhum — faz uma salada de batatas incrível! E a melhor mousse de chocolate do mundo.
Minha prima Fernanda — que é mais irmã do que prima — faz ovos moles como ninguém. E petit gâteau, que eu ensinei, mas hoje ela faz muito melhor do que eu! Mas ela não faz sagu…
Aliás, acho que quem fazia sagu era a minha vó Iracema e o meu padrinho Gilberto. Ou seja, estamos absolutamente órfãos de sagu na família. Pelo menos nesse plano espiritual, porque no outro deve estar rolando sagu, ambrosia e arroz de leite todo dia.
Por enquanto o mundo não se acabou. Mas faz dois anos que não como o churrasco do João, a maionese da madrinha e os ovos moles da Nanda.
Mas e o sagu? Quem é que vai fazer? Se a gente quiser garantir mais um tempinho por aqui, melhor tratar de encontrar alguém para ficar responsável por essa tarefa fundamental.
Enquanto a gente espera, tem uma linguicinha aí, João?