O que te faz voltar em um restaurante? A primeira resposta, normalmente, costuma ser a comida saborosa e irresistível. Mas, para além da cozinha, há outro fator que, por vezes, pode passar despercebido. Correndo de lá para cá, carregando pratos, copos e pedidos, estão os garçons, responsáveis por conectar a magia da cozinha com o cliente. No dia 11 de agosto, comemorou-se o Dia do Garçom e nada mais justo do que prestarmos uma homenagem a eles que sempre nos recebem com cordialidade e muito carisma.
Sem dúvidas, a comida é essencial. Mas, se não formos bem atendidos, talvez ela não seja suficiente para o retorno. Agora, se você chegar a um restaurante e o atendimento o fizer se sentir acolhido e em casa, com certeza vai lembrar daquele lugar com um carinho especial – e esse, muitas vezes, costuma ser o diferencial. Mas o segredo para que a relação do cliente com o estabelecimento, seja ele qual for, se torne fiel está longe de ser uma receita pronta.
– O garçom precisa ser a alma do boteco. Afinal, fora de sua casa, o garçom é a pessoa que vai servir o que tu vai beber e comer – explica Marcos Lorival, mais conhecido como Marquinhos. Há 13 anos, ele trabalha no Tuim, tradicional bar do Centro de Porto Alegre.
Responsável pela organização do bar e recebimento de mercadorias, Marquinhos explica que um dos segredos para o sucesso dentro da profissão está na paixão pelo que faz. Desde 1995, trabalha como garçom e já passou por diversos lugares, até encontrar no Tuim sua segunda casa. Após 13 anos, já sabe o nome de quase toda clientela e o que cada um vai pedir. Afinal, para além dos petiscos deliciosos, o Tuim tem fama de ser um boteco raiz.
– A pessoa chega em um bar para ter seu momento de lazer e, às vezes, está chateada com algum perrengue do trabalho. Com o passar do tempo, a gente vai reconhecendo quando o cliente não está bem. A gente ouve, dá pitaco, conta piada, fala da dupla Gre-Nal, tudo para animar o cliente. Afinal, o bar é o ambiente mais democrático que existe – conta o atendente.
De qualquer forma, seja um boteco raiz ou um restaurante mais requintado, o fato é que o garçom, para além da sua função de atendimento, precisa se conectar com a casa que trabalha. É o que defende Vanderlei Lorini, que há 19 anos, fez do Restaurante Chiwawa, localizado no bairro Chácara das Pedras, seu ambiente de trabalho.
– Conhecer a história traçada pelo restaurante é muito importante. O garçom precisa saber o cardápio, a história da família, de quem comanda o restaurante e vários outros detalhes. Tudo isso transmite credibilidade ao cliente – destaca Vanderlei.
Para isso, ele recebe todos de maneira com que se sintam em casa, sejam clientes frequentes ou novos no Chiwawa. Ele destaca que o fator crucial para o bom atendimento é que a pessoa que acaba de chegar se sinta à vontade, escolhendo o lugar de preferência para sentar, sem pressão alguma para fazer seu pedido.
– Como eu trabalho há bastante tempo na casa, conheço os clientes há anos. Por ter uma intimidade grande, já sei até qual prato vão pedir. Quando ele chega, às vezes, a pergunta é “o de sempre?”. Mas, em casos de novos clientes, precisamos saber qual é a necessidade, qual é o gosto – explica.
O IMPORTANTE É A EXPERIÊNCIA DO CLIENTE
Vanderlei acredita que é preciso ter carisma e empatia na hora do atendimento. Ao mesmo tempo que precisa fazer com que o freguês se sinta à vontade, é preciso entender a necessidade de cada um, qual a vontade naquele dia, sem deixar, é claro, a atenção de lado, para que o cliente não sinta que passou despercebido. É dessa forma que a magia fora da cozinha vai se criando.
– O que o garçom quer é que você tenha uma excelente experiência. Que entre bem e saia feliz. Portanto, ele vai ser sempre o seu porta-voz, estar sempre ali pra te auxiliar – defende.
No Tuim, do outro lado da cidade, a lógica seguida por Marquinhos é a mesma: a cordialidade deve ser sempre o principal, para estar atento às preferências de cada um que passa pelo boteco. A afinidade com seus clientes é tanta que, às vezes, são os próprios fregueses que perguntam o que eles deveriam comer.
– Eu acabo ficando mais tempo no bar durante a semana do que na minha casa, então, cuido como se fosse meu. Sou muito grato ao André e ao Seu Manoel, que são os proprietários, por darem a possibilidade e a confiança de colocar em prática o meu conhecimento no estabelecimento deles – explica Marquinhos, que mora em Eldorado do Sul e sai de casa todos os dias às 5h30min da manhã, rumo ao Centro de Porto Alegre.
Sem dúvidas, a parceria de Marquinhos com o Tuim, assim como a de Vanderlei com o Chiwawa, está dando muito certo. A magia dos dois lugares, além da comida deliciosa e o ambiente aconchegante, passa pela mão dos dois, que recebem os clientes com cordialidade, atenção e carinho há tantos anos.
– O que todo mundo deveria entender sobre a profissão é que trabalhamos sob pressão, com cargas horárias longas, mas estamos ali para te servir, para ser um porta-voz entre você e o restaurante. A satisfação do cliente é a satisfação do garçom. É a satisfação de todos – completa Vanderlei.
O nosso muito obrigado a todos os garçons que nos recebem sempre com o cardápio na mão, um sorriso no rosto e muito carisma.