A tranquilidade me encanta. Uma rua sem carros, o som dos passarinhos, o barulho do caminhar nas britas. Seja qual for a sua ideia de tranquilidade, o Apino Vinho e Cozinha te presenteia com tudo isso, mas também com o mais importante: comida bem feita.
O novo restaurante do chef Rodrigo Bellora fica no alto do Vale dos Vinhedos, no complexo enogastronômico VistaVino, um lugar com vistas de tirar o fôlego.
Para o Apino, Bellora leva o mesmo conceito de cozinha de natureza – uma premissa desenvolvida por ele para recriar e repensar a gastronomia, baseada no movimento slow food, com ingredientes locais e sazonais, que pode ser vista em seus outros restaurantes, como o Valle Rústico.
O lugar é encantador. Todo em pedra, o restaurante tem longas janelas em vidro, com esquadrias em madeira, possibilitando um visual incrível das colinas. Na entrada, nos deparamos com uma decoração rústica, mas sofisticada. As mesas em madeira de demolição contrastam com os toques de elegância que as rodeiam.
Antes de iniciar o nosso almoço, fomos convidados a participar de uma degustação de méis de abelhas nativas. São três tipos: Mandaçaia, Jataí e Mandaguari. Cada um apresentava uma granulação e um sabor distinto. O de Jataí é bem parecido com o mel que costumamos ter acesso, e fez mais sentido ao nosso paladar. Ainda assim, todos os outros tinham suas peculiaridades e foram muito interessantes de provar.
Além da água fresca que nos entregaram logo na entrada, pedimos dois drinks para acompanhar nossas escolhas. Optamos pelos autorais, que usassem ingredientes que são a cara do restaurante. Com gin, kombucha de limão, mel de abelhas nativas e suco de limão, o Guaraipo (R$ 32) era refrescante e levemente doce. Já o Coice de Abelha (R$ 32) — que não tem esse nome à toa — era uma combinação de vodka, limão, mel de abelhas nativas, kombucha de limão e espuma de gengibre. A espuma era ardente e mergulhava na boca em um confronto sensorial inesquecível.
Nossa primeira aposta foi o carpaccio de entrecot e folhas picantes (R$ 60). Cortado em finas lâminas, a carne era envolta em especiarias, com certa picância. Por cima, molho pesto, queijo e folhas. Com ele, fatias de pães de diversos tipos vieram à mesa. Em especial, um pãozinho estilo pita que servia como base para o carpaccio. Delicioso, envolvente e temperado no ponto certo.
Nas pastas, não poderíamos fugir de um clássico: o spaghetti alla carbonara (R$ 58). Com farofa, salsinha e uma gema de ovo por cima, era encorpada e crocante. Estourar a gema mole sob a massa acrescentava uma nova característica de consistência ao prato. Com uma intensidade de sabores incrível, sem chegar a ser enjoativa.
Outra opção foi a agnolotti de queijo Madrugueiro (R$ 68). Ela era muito bem recheada com o queijo, o que entregava uma cremosidade a cada garfada. Além de dar cor para o prato, a sálvia, o tomate assado e as nozes incluíam ainda mais sabor para a massa.
Como segundo prato, provamos o vazio com purê de abóbora cabotiá, brócolis e pasta de alho negro (R$ 89). A carne estava no ponto certo e se desmanchava na boca. Uma surpresa boa foi o alho negro, que combinava doçura e um pouco de acidez.
Para fechar, a sobremesa chegou e acabou em pouco tempo. Um torrão de chocolate branco com nuts, caramelo salgado e mousse de chocolate meio amargo (R$ 43) tinha tudo o que pedimos: o crocante do torrão, a cremosidade da mousse, o toque salgado do caramelo. Na boca, tudo fazia sentido e fechava nossa experiência com chave de ouro, tanto que raspamos o prato em poucos minutos, querendo repetir.
A tranquilidade que nos recebeu no Apino foi a mesma que nos deu um "até logo". Isso porque, além dos momentos tranquilos, a comida — com muito sabor e conceito — nos faz ter vontade de voltar. Hoje, se possível. Tem paz que vale a viagem.
APINO VINHO E COZINHA
Endereço: no VistaVino, na Alameda Champenoise, 50, no Vale dos Vinhedos
Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 12h às 15h e das 19h às 22h. Aos domingos, das 12h às 18h.
@apinovinhoecozinha