Depois de alguns finais de semana com chuva, finalmente apareceu um sábado de sol em Porto Alegre. Dias assim me despertam uma vontade de caminhar pela cidade, passear pela Redenção e, claro, conhecer novos cantinhos gastronômicos por aí. O DuNordeste já estava na minha lista de novidades para ir, depois que descobri a nova unidade no Bom Fim. E neste final de semana decidi riscar esse nome da lista!
As expectativas eram boas. Eu já havia visitado a primeira unidade, no bairro São Geraldo, há muitos anos, quando eu e minha mãe estávamos na busca por acarajé na cidade. A tarefa é difícil, afinal, a culinária nordestina é muito distante da nossa. O DuNordeste foi um achado! E, quando soube da unidade que abriu na Felipe Camarão, não demorei para visitá-la.
A escolha do dia foi perfeita, já que o sol tem tudo a ver com o espaço e o cardápio do restaurante. E, pelo visto, não tive essa ideia sozinha, já que havia uma pequena fila de espera para o almoço. O atendimento foi bem atencioso, desde o começo. Foram uns 20 minutos que passaram muito rápidos e aproveitamos para colocar a conversa em dia. Nossa mesa era na parte interna, mas pretendo voltar para curtir o quintal ao ar livre.
Não há dúvidas sobre qual foi a minha entrada, certo? Sim, o acarajé (R$ 20). Eu sou apaixonada pela combinação de sabores desse prato. Lembro até hoje a surpresa que tive quando dei a primeira mordida naquilo que estava no meio termo entre sanduíche e bolinho e, ao mesmo tempo, não tinha nada a ver com os dois.
Para quem não sabe, o acarajé é um bolinho de feijão-fradinho frito no azeite de dendê, recheado de vatapá - um creme amarelado com uma infinidade de ingredientes e um sabor único - e finalizado com camarões com casca e tomate picadinho. A receita é originária da África Ocidental e foi trazida ao Brasil por pessoas escravizadas. Se tornou tão comum por aqui que, hoje, é um dos grandes símbolos da culinária afro-brasileira.
Dica: não cometa o mesmo erro que eu quando te perguntarem se prefere quente ou frio. No Nordeste, isso é uma metáfora para dizer apimentado ou não. O acarajé do DuNordeste, por si só, já é apimentado. Os que gostam de dar mais uma intensificada na ardência pode se jogar no potinho extra de pimenta que acompanha o prato. Mas vá com calma!
Para aliviar a picância, pedimos logo uma caipirinha. Só não contávamos que seria difícil a missão de escolher a fruta. Talvez você se depare com nomes que nunca ouviu antes, como: tamarindo e cajá. Eram mais de 18 polpas, entre elas, cupuaçu, caju e graviola. E esse foi um dos pontos mais altos da experiência! O restaurante tentou aproximar, ao máximo, o Norte do Sul, com polpas de frutas que não se encontram facilmente por aqui. Nossa escolha foi caipirinha de cajá (R$ 25) e um suco de graviola (R$ 9) para matar a curiosidade.
E vamos ao prato principal! Nós acertamos, de fato, a escolha do dia, já que no sábado, o prato da vez era moqueca de camarão (R$ 42). Nos outros dias da semana, você vai encontrar jabá com jerimum, baião de dois e bobó de camarão (todos os dias com opções veganas e vegetarianas). A cada final de semana, é um novo prato do dia. A moqueca estava bem temperadinha, com fartos camarões.
Além dela, pedimos um escondidinho de macaxeira com carne de sol (R$ 29), que finalizou com chave de ouro nosso almoço! Pensa num creme saboroso, com gosto marcante da mandioca - que, para quem não sabe, é sinônimo de macaxeira - e uma carne desfiada que se desmanchava na boca. Vou precisar voltar para tentar a combinação com camarão.
Ao final do almoço, eu e minha amiga tomamos uma decisão: precisamos conhecer o Nordeste e todos os seus sabores logo! Imaginar a dimensão da riqueza natural e gastronômica do nosso país me impulsiona a querer conhecer cada canto. E, que bom que agora posso viajar sem sair de Porto Alegre.
Obrigada por esse bate-volta, DuNordeste!
DuNordeste
Endereço: R. Felipe Camarão, 676, no bairro Rio Branco
Horário de funcionamento: terça e quarta, das 11h às 18h30. Quinta, sexta e sábado, das 11h às 21h30. Aos domingos, das 11h às 15h30.
@dunordestebomfim