Será que vinho bom é o vinho caro? Qual o melhor rótulo para beber no inverno e no verão? Respondemos essas e outras questões sobre esse mundo tão diverso e, por muitas vezes, complexo.
Vinho bom é vinho caro
Apesar de alguns rótulos carregarem o peso de vinícolas reconhecidas e, por isso, serem mais caros, existem vinhos com ótimas propostas de bom custo-benefício. Nossa dica é apostar em bebidas jovens, frutadas e para consumo rápido.
Quanto mais velho, melhor é o vinho
Existem vinhos que, em função da variedade da uva e do método de produção, são elaborados para guarda. Porém, também há vinhos que apresentam características jovens, frutadas e fáceis de beber, excelentes para serem consumidos no ano em que foram elaborados.
Quando tem aroma de frutas é porque a bebida leva frutas
Uma das principais características de um vinho são os aromas varietais, que vêm a partir das variedades das uvas. Por exemplo, chardonnay tem aromas de abacaxi e de maçã verde enquanto cabernet sauvignon tem de amora, ameixa e cassis. Mas atenção: as frutas que dão os aromas não estão na composição da bebida, ok?
Quanto menor a acidez, melhor é o vinho
A acidez é importante para a longevidade e sanidade do produto. Em vinhos espumantes, brancos e rosés, ela está relacionada ao frescor da bebida. Em safra ruins, há um excesso de ácido nas uvas por elas não conseguirem atingir a maturação completa. Isso resulta em um desequilíbrio em relação ao açúcar e ao tanino da bebida, deixando-a desagradável. Mas, isso não quer dizer que a acidez não seja superimportante para o vinho.
Quanto mais álcool tem o vinho, melhor ele é
O álcool é um produto natural do processo de fermentação dos vinhos, que transforma o açúcar presente na uva em etanol. O que não nos damos por conta é que nas safras em que a uva não atinge a maturação completa, é permitido a adição de açúcar para elevar o teor alcoólico. Muitas vezes, esse exagero pode desequilibrar o vinho, deixando-o mais alcoólico do que a estrutura permite.
Vinho bom é vinho importado
Temos muitos vinhos importados de qualidade, mas também temos muitos produtos nacionais excelentes e reconhecidos pelo mundo. Precisamos quebrar o preconceito com a bebida brasileira. Lembre-se que até o rótulo importado chegar nas prateleiras, ele pode passar por variações de temperatura e luminosidade que podem comprometer a sua qualidade. Acreditamos que vinho bom é o vinho do local, e os brasileiros são incríveis!
O vinho precisa ser guardado em ambiente escuro e com temperatura controlada
O ideal é evitarmos ao máximo a diferença de temperatura do produto, pois isso prejudica a estabilização dele. Por isso, locais com pouca luz evitam a deterioração do vinho e evitam que ele fique com aromas de enxofre. Se você não tem uma adega climatizada, a dica é guardar as garrafas em um ambiente ao abrigo da luz (natural e artificial), onde não ocorra mudanças de temperatura.
Vinho rosé é resultado da mistura de vinho tinto e de vinho branco
O vinho rosé pode ser elaborado tanto com uma mistura de uvas quanto a partir das variedades tintas – neste caso, deixamos o líquido em contato com a casca por pouco tempo, assim não ocorre a extração da cor em grande intensidade.
Rolha de cortiça é melhor do que screw cap
A rolha de cortiça demora anos para ficar pronta e acaba sendo desperdiçada logo após a abertura da garrafa. Por isso, a screw cap, ou tampa de rosca, foi uma tecnologia que veio para solucionar o fechamento das garrafas e ainda deixar tudo mais fácil. Tecnicamente falando, ela evita problemas de umidade, evitando a entrada de excesso de oxigênio e o vazamento da bebida. É uma ótima alternativa para rótulos de consumo jovem, aqueles que não vão ficar muito tempo na garrafa. Porém, há estudos sendo realizados para utilizar a screw cap também em vinhos de guarda.
Uva branca faz vinho branco, uva vermelha faz vinho tinto
Uva branca faz vinho branco e em contato com a casca pode resultar em um vinho de cor alaranjada. Por outro lado, as variedades tintas também podem fazer vinhos brancos, como é o caso do blanc de noir, um clássico champagne elaborado a partir da uva pinot noir, que tem casca escura, mas é vinificado em branco, sem contato com a uva para não extrair a coloração nem os taninos. Hoje, no Brasil, também temos ótimos espumantes desse tipo.
Vinho doce leva açúcar
Depende do tipo de vinho. Vinho espumante moscatel, por exemplo, é uma bebida doce que tem o açúcar proveniente da própria fruta. Funciona assim: a fermentação é interrompida, produzindo menor quantidade de álcool e uma concentração maior de açúcar residual. Mas temos vinhos que levam açúcar em sua composição, como os suaves, para ficarem dentro da categoria de rótulos doces.
Vinho tinto é ideal para o inverno e branco para o verão
Uma frase bem usual, mas nada verídica. Os vinhos tintos possuem uma grande quantidade de antocianas e taninos, polifenóis que estimulam a circulação e o aquecimento do corpo. Mas também existem tintos leves, menos encorpados e que podem ser, inclusive, resfriados a uma temperatura de 14 graus para serem consumidor em dias de calor. Já os brancos, por serem servidos gelados e terem acidez presente, o que gera frescor, acabam sendo relacionados ao verão. Não está errado, mas existem rótulos brancos estruturados, com passagem por madeira, que comportam uma temperatura de serviço mais elevada, sendo boa opção para quem não abre mão da bebida no inverno ou para harmonizar com queijos.
Frutos do mar só combinam com vinho branco
Geralmente optamos por branco, pois frutos do mar têm sabor delicado e, geralmente, apresentam um toque cítrico no preparo - características que os vinhos jovens também têm. É preciso ter cuidado se a escolha for servir com vinhos tintos. As versões encorpadas podem deixar um sabor metálico em boca bem desagradável. Caso o prato seja preparado de forma mais elaborada, com molho de natas, por exemplo, ou empanado, é possível combiná-lo com um vinho tinto. É tudo uma questão de gosto.
Vinho feito de várias uvas não é bom. Os melhores são os de uma única uva
É mito. Vale ressaltar que os primeiros vinhos que surgiram na história foram feitos com cortes, a combinação de diferentes variedades. Os chamados varietais, os feitos com apenas uma uva, nasceram com a chegada do Novo Mundo, fase que marca uma nova era de produção da bebida, na década de 1970. A combinação de variedades aumenta a complexidade do produto e pode deixar a bebida ainda mais saborosa. Além de ser um desafio legal aos enólogos, que marcam o seu trabalho em deliciosas combinações.
E aí, curtiu? Se você tiver outra dúvida, envia pra gente. Podemos responder em uma nova rodada de mitos e verdade sobre os vinhos.