Recentemente, tive a experiência de ser júri do Brazil Wine Challenge, que ocorreu entre os dias 13 e 16 de outubro, e tem chancela da Organização Internacional da Vinha e do Vinho e é realizado pela Associação Brasileira de Enologia.
Para dar conta das mais de 700 amostras inscritas, os 30 jurados do dia são separados em seis bancadas com cinco pessoas cada, sendo um o presidente de mesa, que faz a avaliação nos três dias de baterias de degustação, esse é o único que não troca da bancada. Por dia, das 9h às 14h, cada jurado degusta, em média, 45 amostras.
Ao nos posicionarmos na bancada, acontece uma breve apresentação de como vai ser a bateria de degustação e o presidente de mesa apresenta a dinâmica, testamos os computadores e checamos o número de amostras. É hora de começar.
Assim que todas as mesas estiverem prontas, o enólogo responsável pelas amostras, aquele que cuida da temperatura e da ordem da degustação, dá início a bateria e solicita o serviço do vinho posta em boca - mise en bouche, em francês. Esse é o único produto que é o mesmo para todas as mesas de jurados, mas porquê? O primeiro vinho serve para preparar o paladar e também para calibrar as notas. Depois de cada bancada dar a sua nota para o posta em boca, os presidentes de mesa cantam a mediana da sua bancada para todos ouvirem, essa prática ocorre para verificar o equilibro do júri.
Finalizado o posta em boca, o presidente dá sequência às degustações. Cada amostra que chega, individualmente, cada jurado faz as análises visual, olfativa e gustativa, computa suas notas e libera para o presidente de mesa. Após todos enviarem, ele fala a mediana da mesa e abre para discussão. Grande parte das amostras variam muito pouco de nota entre um jurado e outro, mantendo todos de acordo mas, caso ocorra alguma diferença, abre para debate até para entender o porquê. Como o vinho é um bebida sensorial, cada um tem a sua interpretação, e essa interação ocorre mais para troca e entendimento. Após o ok final de todos, o presidente libera a nota da mediana e inicia o serviço da próxima amostra.
No primeiro dia que fui júri, a minha bancada recebeu 12 amostras de espumante branco não aromático, 11 amostras de vinho tranquilo rosé e, por fim, 20 amostras de vinho tinto. No protocolo, tem um intervalo depois de 23 amostras, no meu caso, antes dos tintos. No segundo dia, foram 17 amostras de rosé, 7 de espumante rosé variedades aromáticas e, após o intervalo, mais 20 de vinho tinto.
Confesso que as baterias dos tintos foi a mais difícil, não sei se foi por ter sido a última, mas acredito que, por serem mais persistentes e estruturados, foi onde eu tomei mais água e, a cada amostra, era necessário o consumo de pão para limpar as papilas gustativas. Sempre que temos que degustar uma sequência longa de bebidas, é recomendado ter uma comida neutra como pão ou bolacha de água e sal para auxiliar no processo de neutralização do paladar. Além disso, toma-se bastante água, pois mesmo que não engolimos as amostras, temos um pouco de absorção do álcool.
A PREMIAÇÃO
Depois de três dias intensos de degustação e mais de 57 degustadores que avaliaram as mais de 700 amostras, foi divulgada as medalhas de cada vinho. A pontuação até 88 ganha medalha de prata. Entre 89 e 92 pontos, medalha de ouro e, acima de 93, o Gran Ouro.
Do total de amostras, 21 delas ganharam a premiação máxima. Eu tive a sorte de na minha bancada ter bebidas que receberam Gran Ouro e, o mais legal é que, quando isso acontece, o presidente de mesa anuncia que a média foi de um Gran Ouro e toda a bancada aplaude o vinho que está excelente, reverenciando o produto. É de emocionar.
Foi uma experiência incrível e que já estou contando os dias para o próximo concurso. Cabe lembrar que o evento ocorreu em três dias, com todo o protocolo de segurança exigido preservando a saúde de todos os que ali estavam.
Para saber o resutado completo, basta acessar o site da Associação Brasileira de Enologia que tem a relação completa por países, nome da vinícola e produto.