Não há adjetivos que consigam dar a dimensão do que representa Ayrton Senna para o Brasil. É uma lenda, um herói, um amor nacional. Mesmo 30 anos depois de sua morte, a figura do maior piloto de Fórmula 1 que o país já teve segue onipresente, seja em homenagens, reprises de entrevistas, reportagens e documentários. Nunca é esquecido.
Quem assumiu a missão de ser o automobilista foi Gabriel Leone, carioca de 31 anos — ou seja, um bebê quando da morte de Ayrton —, que protagoniza a minissérie Senna, com estreia marcada para 29 de novembro na Netflix. Em coletiva de imprensa, o ator explicou que, para viver o piloto, dedicou-se ao máximo e se entregou "de corpo e alma" para o trabalho, com muito estudo sobre o personagem:
— Dou sempre o meu melhor, que é o que eu tenho. Então, pode ter certeza de que eu fiz de tudo, a nível de entrega, de pesquisa, de dedicação, para ser o melhor Ayrton possível para a nossa série, dentro do material que a gente tinha, dentro do roteiro, que é uma ficção, e a gente não pode esquecer disso.
O ator complementa a questão da ficcionalização dos acontecimentos envolvendo Ayrton Senna — afinal, a minissérie é baseada em fatos, mas precisa tomar algumas liberdades narrativas para que consiga contar a história dentro do formato:
— A gente não está fazendo um documentário. Então, é claro, vão ter adaptações, escolhas que estão postas ali, em todas as áreas, não só na minha interpretação, na minha composição do Ayrton, mas no roteiro, na história, em outros personagens. Escolhas que são feitas para que aquilo funcione bem enquanto série, enquanto o produto que é: uma dramaturgia.
Comparações
Já na primeira foto publicada de Leone caracterizado como Senna, surgiram muitos comentários surpresos com a semelhança entre o ator e o automobilista, ao mesmo tempo em que outros tantos reclamaram das diferenças. Para o artista, o ponto principal de conseguir entregar um bom trabalho é não ficar pensando nas críticas, sejam elas positivas ou negativas.
Segundo o ator, boa parte do seu esforço foi para que a sua atuação jamais ficasse na frente do propósito da produção, que é recriar a vida do icônico piloto. Assim, Leone salienta que as suas escolhas artísticas sempre foram dosadas a fim de que ele próprio se tornasse um "canal" para que a história fosse contada, sem puxar o foco para a sua atuação ou semelhança física com Senna.
— Eu queria que as pessoas se conectassem com a história do episódio 1 ao episódio 6 e acabou. É um contrato, é um pacto, é um acordo que eu faço com o público de dizer, durante esses seis episódios, que vou ser um canal para contar a história do Ayrton: "Venham comigo". Eu não sou o Ayrton, nem que eu quisesse, né? Mas não penso muito nisso, porque não controlo o gosto de ninguém, o que as pessoas vão sentir. Só posso torcer e esperar que as pessoas se emocionem e gostem da série — salienta o ator.
A ideia da produção, desde o início, foi evitar imitações, segundo Leone. E não apenas em relação a ele e Ayrton, mas com todos os atores que interpretaram figuras reais. De acordo com o protagonista, foi feito um trabalho rigoroso de estudo, trazendo semelhanças importantes, mas sem o uso de próteses ou exagerando a mão na composição.
— Foi processo muito sutil de encontrar esse Senna fisicamente em mim. E, por outro lado também, acho que até mais importante do que isso, é a parte interna dele, a essência do Ayrton. Acho que não ia adiantar nada de eu estar muito parecido com ele e as pessoas não se conectarem com a história dele — destaca.
A história, por sinal, leva o público aos bastidores daquelas corridas memoráveis, daqueles domingos cheios de adrenalina e emoção, explorando Senna além do piloto. Em seis episódios, a minissérie mostra o homem que virou um ídolo nacional, com suas imperfeições e gostos, mas, principalmente, com sua obsessão por vencer.
Entre realidade e ficção, o herói chega com um aprofundamento a mais dentro de uma gigante do streaming, que é a Netflix, com potencial de levar o seu legado, bem como a homenagem muito bem feita, para o mundo inteiro ver. E se emocionar.