Parece que foi ontem, mas já se passaram 15 anos desde que o gaúcho Newton Siqueira, o Ton, causou poucas e boas na casa mais vigiada do Brasil. Representando o Rio Grande do Sul no BBB 9, que também tinha no elenco o caxiense Flávio Steffli Jr, Ton saiu na quarta berlinda da temporada, com alta rejeição. Levou 72% dos votos em um paredão triplo e deixou o reality com status de "cancelado", antecipando a própria existência do conceito.
Em conversa com GZH, Ton conta que viveu um período delicado após o programa.
— É difícil sair e ver o que as pessoas estão falando de você. Quando cheguei ao hotel e meus familiares começaram a me contar tudo, já comecei a ficar mal — confessa ele. — Passei por coisas muito ruins, mas também tive muitas oportunidades por causa do programa. Tem os dois lados. Você é um ex-BBB para o resto da vida, não adianta. Graças a Deus já passou bastante tempo, já estou mais feliz e focado na minha vida.
Entre as atitudes que renderam ao gaúcho o título de vilão do BBB 9 está o relacionamento conturbado com a sister Josy Oliveira, que morreu em 2021, vítima de um AVC. Outro ponto que pesou contra Ton foi a ida ao quarto branco (o primeiro da história do reality). O gaúcho atendeu ao big fone e precisou escolher mais dois participantes para cumprirem o castigo. Ele indicou Ralf e Leo, que eram seus amigos.
À época, o público criticou a decisão de Ton, bem como a postura adotada por ele durante a dinâmica. O brother incentivou Leo a apertar o botão que culminaria na desistência do reality. Por conta disso, passou a ser odiado pelos espectadores.
Ele explica que adotou tal postura por perceber que Leo já não estava bem no reality show, independentemente do quarto branco — algo que o paulista já confirmou em algumas entrevistas, aliviando o peso da participação do gaúcho.
— Pouca gente sabe que, antes do quarto branco, o Leo já tinha ido ao confessionário e pedido para desistir, mas acabou sendo convencido pela produção. Eu não vi isso acontecer, fiquei sabendo depois, ou jamais teria chamado ele. E a gente também não sabia direito do que se tratava a dinâmica, ninguém sabia de nada. Chegando lá, eu vi que meu amigo não estava bem. Não podia forçá-lo a continuar — justifica.
Apesar da jornada controversa, Ton diz não se arrepender de nada.
— Tudo o que eu fiz foi com o coração, por isso não me arrependo. Nunca fui falso. Pelo contrário: fui de verdade o tempo todo, nas qualidades e nos defeitos — orgulha-se, ponderando: — Isso não me impediu de fazer uma autoanálise. Eu acho que sempre há algo que podemos melhorar.
Vida de ex-BBB
Em paz com a própria trajetória, Ton Siqueira vive hoje uma vida longe dos holofotes. São raras as aparições na mídia tradicional, embora, nas redes sociais, o ex-BBB some mais de 240 mil seguidores, entre Instagram e TikTok. Em seus perfis, o gaúcho publica vídeos com reflexões e mensagens motivacionais, além de "cantadas" em tom humorístico.
Com as publicações, Ton espera viralizar nas redes. Ele realiza alguns trabalhos de divulgação online, mas não chega a se considerar um influenciador digital.
A principal fonte de renda do ex-BBB vem da carreira como DJ, que ele iniciou tão logo deixou o reality show, e das apostas em corridas de cavalo. Ton atua há oito anos como "trader esportivo", modalidade de aposta especializada por meio da qual se busca faturar em cima das variações de probabilidade que ocorrem ao longo das corridas.
Após o término do BBB 9, o gaúcho chegou a apresentar um programa na televisão gaúcha, fez trabalhos como modelo e faturou alto realizando a chamada "presença vip" em eventos.
— Eu saí da casa cancelado, mas tinha um perfil comercial. Meu cachê costumava ser mais alto que o do campeão (Max), para se ter ideia. Fora que eu ganhava muita coisa, era convidado para as melhores festas, os melhores restaurantes... Foi um período realmente muito bom nesse quesito, mas não dura para sempre.
Ton, que é natural de Gravataí, vive hoje na zona norte de Porto Alegre. O gaúcho conta que ainda é reconhecido nas ruas, mas diz que não existe mais a questão do assédio. Raramente é parado para tirar fotos, por exemplo.
Questionado sobre sentir alguma saudade dos tempos áureos da vida de ex-BBB, Ton confessa que "sente falta da parte boa", fazendo referência às regalias que a visibilidade proporciona. Contudo, ele pensa duas vezes sobre um dia voltar ao reality show.
— Profissionalmente, eu acho que seria bom, mas agora está muito mais forte essa questão do cancelamento, as pessoas realmente massacram os participantes na rede social. Teria que pensar bem, porque isso afeta muito o psicológico — reflete.
Logo em seguida, o gaúcho cai em si e diverte-se ao perceber que, conhecendo a si mesmo, certamente acabaria indo. Mas com uma estratégia distinta:
— Hoje em dia, o foco nem seria vencer. Sou um cara matemático, já penso logo qual seria a probabilidade. E seria baixíssima (risos). Além disso, quantos participantes saíram campeões e um mês depois ninguém nem lembrava? Se eu fosse, seria para ficar o máximo de tempo possível, sendo uma pessoa ok.
Em contrapartida, o gaúcho acha que teria boas chances em um reality de sobrevivência como o No Limite. O programa recrutou ex-participantes do BBB em suas últimas edições, e Ton se mostra disposto.
— Eu iria pelo desafio, acho bem bacana esse exercício de superação, apesar de já estar com o joelho zoado (risos). Fica a dica aí, Boninho — brinca Ton.