Eu tinha seis anos quando a primeira edição do Big Brother Brasil estreou na tela da Globo, em 2002. Lembro de ter assistido ao BBB 1 do início ao fim. Engajada, pedia aos meus pais para participar das votações por telefone e vibrava com as aparições da carismática boneca Maria Eugênia, o xodó do campeão Kleber Bambam (e meu também). Desde então, não falhei nenhuma edição do programa - nem mesmo aquelas que deixaram a desejar. No início da adolescência, até falava em me inscrever no reality show quando completasse 18 anos. Minha mãe ficava maluca com a ideia, mas entrar na casa mais vigiada do Brasil era um sonho.
Quis o destino que, mais de uma década e uma formatura depois, eu pudesse realizá-lo duas vezes: a primeira foi no ano passado, quando integrei o grupo de jornalistas convidados para conhecer a residência antes da estreia da edição; a segunda, nesta quinta-feira (4), quando novamente estive entre os privilegiados que puderam ver de perto as novidades da casa, totalmente repaginada para o BBB 24.
Não tem como fingir costume. Pisar no jardim da casa do Big Brother Brasil, por onde ocorre a entrada, é sempre uma catarse. Dá vontade de pular, de gritar, de sair correndo e de rolar na grama - e alguns colegas da imprensa, de fato, rolam. Há uma ânsia coletiva por conhecer cada novo detalhe, já que a residência recebe decoração diferente a cada edição, e descobrir os segredos da casa mais vigiada do Brasil (aquilo que "a Globo não mostra", sabe?). A missão já começa a ser cumprida na entrada. A primeira surpresa vem ao tocar o pé no chão e perceber que aquela grama verdíssima que se vê na televisão é, na verdade, plástico. Grama sintética, como também são as folhagens que compõem o paisagismo da área externa. Tudo falso.
Só não dá para chamar de feio, pois tudo é exuberante. Para esta edição, a casa foi decorada na temática dos contos de fadas. O jardim ganhou ares de floresta encantada, com árvores gigantes pintadas nas paredes. A decoração foi planejada para dividir o ambiente em duas partes: no lado mais próximo da casa, onde fica a varanda, a floresta retratada nas paredes é colorida, lúdica e repleta e passarinhos; já do outro lado, onde fica a porta de eliminação, as gravuras denotam uma floresta sombria e mal-assombrada.
Aliás, a área externa não é tão grande quanto aparenta na televisão. Veja bem: é grande, mas achei que parecia bem maior na TV. Vale o mesmo para a piscina, que desperta facilmente o desejo de um "tibum" (sobretudo em meio ao calor carioca), mas não é assim tão extensa.
Uma das experiências mais curiosas foi a de subir na escada caracol que leva ao local onde os brothers e sisters estendem suas roupas após a lavagem. O espaço nunca é mostrado pelas câmeras, e há um motivo: ele destoa totalmente do glamour do restante da casa. A área conta com piso e paredes rebocados, sem acabamento, e só serve mesmo para abrigar os varais de roupa. Nesta última visita, ainda havia restos de materiais de construção atirados por ali, mostrando que até a Globo tem o seu quartinho da bagunça.
Divertida foi a experiência de sentar nos sofás à beira da piscina e, junto a um colega de outro veículo, fingir que estávamos combinando voto. A cena é comum, pois os sofás da área externa são queridinhos dos brothers e sisters para conversar sobre estratégias de jogo ou simplesmente fofocar. Mas é bom que eles tenham cuidado: do corredor que liga a sala à cozinha, dá para ouvir praticamente tudo o que se fala na varanda, onde estão localizados alguns dos estofados usados para a prática da fofoca. Como adepta desta prática, achei por bem fazer o teste.
Testei também as camas, que, sim, são muito confortáveis. Os travesseiros são fofos, a roupa de cama é gostosa e até as toalhas de banho são macias - fiz questão de apalpar tudo. Em contrapartida, quase não há espaço nos quartos para que os participantes guardem os seus pertences, somente um rack pequeno. É por isso que os cômodos sempre viram um antro de bagunça e desorganização ao longo do programa.
Nesta edição, o destaque vai para o quarto localizado junto à cozinha, decorado em tons de rosa e lilás e com árvores cenográficas despencando folhas cor-de-rosa sobre as camas, remetendo a um vale de fadas. Já o cômodo que fica próximo ao banheiro tem decoração verde e lembra uma floresta. Há ainda o tradicional quarto do líder e um outro dormitório, que é novidade desta edição. Os dois ficam no segundo andar da casa, onde não foi permitido subir.
Nos dormitórios em que estive, a única experiência negativa foi a de deitar na cama e olhar para cima. Eu explico o porquê: há muita, muita, muita luz vindo do teto. É assim na casa inteira, mas a sensação de incômodo fica maior dentro dos quartos, onde o pé-direito é um pouco mais rebaixado. Isto, aliás, foi um dos aspectos que mais me chocaram. Lâmpadas e refletores estão espalhados por cada centímetro do teto, fazendo com que a casa não pareça um lar, mas sim um estúdio de televisão - o que, no fim das contas, realmente é.
Para mim, conviver com o excesso de luz seria a parte mais difícil da estadia. As câmeras são fichinha. Estão lá, bem visíveis, mas é fácil se acostumar com a presença delas. Bastaram 10 minutos dentro da casa para que eu nem lembrasse que a visita estava sendo filmada. Tanto que aproveitei para abrir todos os armários e analisar as marcas dos utensílios de cozinha disponíveis. Só tem coisa boa, sonho de qualquer dona de casa (isso sem falar dos eletrodomésticos de última geração).
Na sala, o sofá é tão confortável que dá até vontade de deitar. Neste ano, a decoração do cômodo imita uma biblioteca, lembrando muito cenários de produções como Harry Potter e A Bela e a Fera. O botão da desistência segue presente no cômodo e, desta vez, está posicionado bem no centro de um relógio que não para nunca de girar seus muitos ponteiros. Basta ficar um tempo olhando fixamente para ele que os pensamentos intrusivos já começam a dizer: "Aperta, vai!". É bom que os brothers evitem a encarada, pois quem aperta o botão está automaticamente fora do jogo.
Eu não me deixei levar pelos pensamentos intrusivos e pude entrar no confessionário. O cômodo é bem pequeno, realmente como aparenta na televisão, e há uma câmera enorme mirando quem senta na poltrona. Eu sentei, mas me abstive de votar. Somente pedi ao Big Boss para que não me colocasse no paredão. No ano que vem, espero voltar.