Amanda é a vencedora do BBB 23. Com uma trajetória ambígua, a médica dividiu opiniões ao longo do programa: havia quem morresse de amores por ela, a ponto de mobilizar mundos e fundos em prol da sua vitória, e também quem considerasse a sister uma bela e grande planta. O primeiro grupo levou a melhor, e Amanda deixou o reality com R$ 2,88 milhões na conta.
Foi uma vitória da sister, mas sobretudo dos fãs dela, que definiram a campeã e também ditaram os rumos da edição em muitos momentos. Os "docshoes" — como são chamados os integrantes da torcida pela médica e Cara de Sapato, com quem ela formou dupla — possuem uma característica que foi fundamental: votam.
Pode parecer óbvio, mas não é. Nem todo mundo que assiste ao BBB vota pelos seus participantes favoritos, algo que faz toda a diferença em um programa que é definido justamente pelo voto.
As últimas edições já haviam mostrado que não adianta nada ser um bom jogador, se entregar, ter bons posicionamentos e protagonismo no programa, se não tiver também a ajuda de uma torcida engajada. A prova está na saída de nomes como Ricardo Alface, o maior jogador da edição, e Domitila Barros, que passou batido por seis paredões, mas não sobreviveu à berlinda disputada com Amanda.
Os dois, mas não somente eles, fizeram bem mais do que a médica durante os meses de programa. E mesmo assim não conseguiram vencer a força da torcida dela. Talvez Amanda nem fosse a participante com o maior número de fãs, mas sem dúvidas foi quem teve os mais engajados. Algo que, para muitos espectadores, é frustrante e difícil de aceitar.
A última esperança era justamente que o favoritismo genuíno de Domitila pudesse frear os "docshoes", mas não deu. Quando a pernambucana saiu pela porta no 16º paredão, foi o mesmo que entregar o prêmio para Amanda. Ainda restava Ricardo na casa, mas todo mundo sabia que ele também seria eliminado na sequência. A campeã já estava definida.
Também passou pelos "docshoes" a definição de quem disputaria a final ao lado de Amanda. As eliminações de Domitila, Ricardo e outros nomes fortes da edição não ocorreram por acaso: a torcida da médica se empenhou em eliminar todos os que poderiam trazer algum risco a ela na final, deixando o cenário confortável. Assim, ela acabou disputando com Aline Wirley e Bruna Griphao, que não contavam com a simpatia do grande público, e teve imensa vantagem - vide a porcentagem de votos recebida por cada uma: 68,9% para a vencedora, 16,96% para a cantora e 14,14% para a atriz.
A estratégia usada pelos "docshoes" para construir a final favorável envolveu uma série de mutirões nas redes sociais, desafiando os fãs a votarem no participante escolhido para eliminar. O alvo era definido pelos administradores dos perfis oficiais de Amanda e replicado pelas milhares de fanpages dedicadas a ela. E cada fã deixava um número megalomaníaco de votos, já que não há nenhum limite quanto a isso.
O resultado do plano de guerra foi visto na noite desta terça (25): o Big Brother Brasil foi novamente vencido por uma torcida. Isso porque, independentemente dos méritos da campeã, não houve disputa. Já estava claro que ela iria ganhar, o que fez o programa perder a graça na reta final — da mesma forma que ocorreu no BBB 22, com a vitória "antecipada" de Arthur Aguiar. Além disso, é um tanto frustrante ver participantes que mereciam brigar pelo prêmio saírem precocemente — como no BBB 21, quando Gil do Vigor foi eliminado pelas mãos dos fãs de Juliette. Quem perde com isso é o programa.
A lição que fica é que talvez seja a hora de repensar o sistema de votação para as próximas edições.