Milhões de seguidores no Instagram e alguém que peite o machismo. Nenhum desses dois elementos são capazes de configurar o campeão do Big Brother Brasil 20. Nesta quarta-feira (12), quando o programa chega ao seu 22º dia de confinamento, não há favorito ao prêmio de R$ 1,5 milhão. A principal explicação é que não há nenhum participante carismático ao ponto de garantir de antemão sua presença na grande final.
O BBB é um programa que consagra quem consegue conquistar o espectador – mesmo que a sua postura ou suas opiniões sejam colocadas em xeque. Em 2019, Paula von Sperling foi acusada de racismo e preconceito religioso, mas faturou o primeiro lugar por ser identificada como uma "sincerona" dentro do reality. Um ano antes, a vencedora Gleici Damasceno havia peitado os vilões (eu nunca vou esquecer da cara de choque de Diego vendo Gleici retornando à casa, após um paredão falso), engatado romance com um cara boa-pinta (que saudades do affair dela com Wagner) e divertido o público com seu jeitinho meigo.
O carisma sempre falou mais alto dentro do programa – e isso muito antes de um mundo permeado por redes sociais. O primeiro campeão do BBB, Kléber Bambam, causou comoção ao chorar por Maria Eugênia, a boneca que ele montou com um cabide por estar se sentindo sozinho.
Essa edição provou que fama prévia não garante preferência. Até agora, o público parece não se importar com a popularidade nas redes dos brothers que já eram conhecidos antes de entrar na casa, e sim com sua postura. Maquiagens deixaram de ser a definição de quem é Boca Rosa - o que fala mais alto é a opinião dela sobre feminismo, quando duvidou do chamado "teste de fidelidade". Babu, que até então era lembrado por muitos apenas como o intérprete de Tim Maia nos cinemas, ganhou notoriedade com seu discurso contra o machismo.
Não podemos negar que existem participantes que, sim, conseguem impor sua opinião e se mostrar como "divertidos" e os reis da sensatez. Nesta lista, já podemos colocar Marcela, médica que responde aos homens à altura, dando aulas sobre empoderamento; Manu Gavassi, que conseguiu se desvencilhar de sua imagem de cantora adolescente, surgindo como uma fada sensata e ótima máquina de memes; e o próprio Babu, que nos últimos dias se mostrou muito sereno sobre a vida e o jogo.
Mas, nem por isso, eles podem ser considerados os favoritos ao prêmio de R$ 1,5 milhão. Nem mesmo por levantar bandeiras. O que a gente precisa é de alguém que consiga andar nos dois lados da casa, garantindo a diversão que instigue o brasileiro a assistir ao programa mesmo depois de oito horas cansativas em seu trabalho. É por isso que estamos tão viciados no BBB, como nunca estivemos antes.