Série derivada de The walking dead, um dos maiores sucessos da TV nos últimos anos, Fear the walking dead ainda tenta construir sua identidade própria, desvinculada da obra seminal criada por Robert Kirkman. Para garantir a atenção dos espectadores, FTWD retoma a segunda temporada, neste domingo, impondo um novo desafio que promete desestabilizar os personagens: a separação. Depois de um hiato de quase três meses, a produção volta a ser exibida no AMC Brasil a partir das 22h, simultaneamente com os Estados Unidos.
(Se você não quiser saber de spoilers, é bom parar de ler por aqui.)
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A primeira parte desta segunda temporada terminou repleta de questões em aberto. ZH já teve acesso aos dois próximos episódios e pode adiantar: poucas dúvidas serão esclarecidas nesse reinício. O foco do desenrolar da trama será mesmo na separação do grupo. Nick (Frank Dillane) continua com sua inusitada relação de compaixão com os zumbis e deixa sua família para buscar um rumo sozinho. Travis (Cliff Curtis) e o filho, Chris (Lorenzo James Henrie), que parece ter desenvolvido sérios problemas psicológicos em razão do apocalipse, ainda estão nas colinas tentando restabelecer a relação familiar e a sanidade mental. Já Madison (Kim Dickens), Strand (Colman Domingo), Alicia (Alycia Debnam-Carey) e Ofelia (Mercedes Mason) se tornam um novo grupo bem unido, só que com o coração dividido: encontrar um lugar seguro para sobreviver ou tentar reencontrar seus amigos é o grande dilema da vez. Assumindo cada vez mais o papel de líder, a orientadora educacional e mãe Madison ficará extremamente abalada devido ao racha em sua família – com direito a bebedeira para esquecer os problemas ao lado de Strand.
– Madison será desafiada pela separação de seu marido, Travis, e de seu filho, Nick. De certo modo, acho que terá de deixar isso para trás e encontrar um jeito de recomeçar e encontrar a si mesma. Madison é resiliente – explica Kim Dickens em entrevista por telefone.
Sobre a aproximação ainda maior entre sua personagem e o misterioso Strand, a atriz desconversa:
– Não sei bem o que há com o relacionamento deles. Acho que deveriam contar um com o outro e expor seus sentimentos. Então, não sei quanto a "mais do que amigos", mais a aliança relutante deles tornou-se uma aliança essencial.
Enquanto o grupo de Madison se abriga em um hotel, as andanças de Nick ganham protagonismo na história. Andarilho em solo mexicano, ele segue abusando do truque de se cobrir de sangue para se misturar a grupos de zumbis. A vida solitária de Nick acaba quando ele encontra um grupo de sobreviventes liderados por Luciana (Danay Garcia). A partir daí, a história começa a explorar o contexto de gangues rivais, negociação por água e comida e povos subjugados pela força física e pelo medo.
A entrada de novos nomes no elenco e o desenho de uma realidade inédita, abordando a disputa de poder e a solidão, deve dar mais fôlego a um enredo que se mostra bem focado no lado psicológico dos personagens – e que luta para não repetir a mesma fórmula de The walking dead. Caso a história não engrene, os fãs de FTWD provavelmente seguirão assistindo para solucionar uma questão: será que Daniel (Rubén Blades) morreu? Ainda não sabemos.
Fear the walking dead
Retomada da segunda temporada neste domingo, às 22h, no AMC Brasil (disponível na Sky). Reprisa na segunda-feira, às 22h30, em versão dublada.
Entrevista com Kim Dickens
ZH entrevistou por telefone a atriz Kim Dickens, que interpreta Madison Clark, protagonista de Fear the walking dead. Confira:
Você acha que sua personagem mudou ao compararmos a Madison da primeira temporada com a da segunda?
Acho que, na segunda temporada, especialmente na segunda metade, Madison já sabe mais sobre os zumbis, ela já vê que sua vida pós-apocalíptica não é mais a mesma de antes. Ela também está lidando com a separação de sua família. Acredito que vamos vê-la crescer e mudar de vários jeitos diferentes nesta temporada.
E o que você poderia dizer quanto à relação de Madison com seus filhos, especialmente Nick?
Não vai ser fácil para Madison. Ela não vai desistir do filho dela, de sua motivação; ela é feroz quando se trata de seus filhos e acho que ficar longe deles vai ser difícil para ela, mas acho que fará ela amadurecer, de certo modo. Vai forçá-la a prestar atenção na sua filha e em como ela a desapontou, e vai forçá-las a amadurecer juntas.
Com o afastamento de Travis, você acha que Madison e Strand podem ser mais do que amigos? Ele será seu braço direito na continuação da segunda temporada?
Não sei bem o que há com o relacionamento deles. Na segunda temporada, eles começaram a contar um com o outro. Acho que eles deveriam contar um com o outro e expor seus sentimentos. De certo modo, ele encoraja Madison a adotar a posição de liderança, e ela se embasa nele. Então, eu não sei quanto a "mais do que amigos", mais a aliança relutante deles tornou-se uma aliança essencial.
Você diria que Madison está mais preparada do que os outros para enfrentar a situação apocalíptica? Você acha que ela á a líder do grupo? Por quê?
Acho que ela tem certos traços de personalidade que a ajudaram durante o início do apocalipse. Madison é boa em tomar decisões difíceis, é intransigente quando se trata daqueles que ela ama, e acho que isso dá a ela certas vantagens durante o início do apocalipse. Acredito que ela tem muito a aprender, que ela tem fraquezas e que vamos ver ela enfrentando algumas dessas fraquezas.
Quais são os principais desafios que os personagens terão de enfrentar nos próximos episódios?
Madison será desafiada pela separação de Travis e de Nick. De certo modo, acho que ela terá de deixar isso para trás e encontrar um modo de recomeçar e encontrar a si mesma, a encontrar o seu nicho de liderança. Ela se pergunta: "Como posso trazer minha família de volta? Bem, não consigo encontrá-la, eu posso me estabelecer novamente, eu posso começar do começo. Eu ainda quero encontrá-la, mas o próximo passo agora deve ser: como recomeçar?". Ela é resiliente, ela será desafiada a encontrar essa resiliência. Madison será desafiada a enfrentar seus pontos fracos e sua relação com a própria filha, e como ela foi uma má mãe. Vai enfrentar isso e consertar isso. Acho que serão esses os desafios.
E houve alguma cena que foi mais difícil de fazer?
Bem, tem uma cena em flashback com o filho dela. As cenas de ação são desafiadoras, eu não diria que são difíceis, porque elas são divertidas, mas não são fáceis de fazer. As cenas com água são difíceis, geralmente estamos em um oceano de verdade, usando roupa de mergulho por baixo do figurino e nadando na água. Pode chegar a ser perigoso e desafiador, mas todas as coisas foram desafiadoras.