A escritora moçambicana Paulina Chiziane foi a vencedora do 33º Prêmio Luís de Camões, a mais importante distinção mundial da literatura em língua portuguesa. O anúncio foi feito no início da tarde desta quarta-feira (20).
O júri destacou o "reconhecimento acadêmico e institucional" que a obra de Chiziane tem recebido, a preocupação de seus livros com "os problemas da mulher moçambicana e africana" e a "construção de pontes entre a literatura e outras artes". A escritora receberá um prêmio de 100 mil euros, divididos entre os governos do Brasil e de Portugal.
Paulina foi a primeira escritora moçambicana a publicar um romance e é uma das autoras africanas mais conhecidas internacionalmente. No Brasil, ela tem livros publicados pela Companhia das Letras (Niketche) e pela Dublinense (O Alegre Canto da Perdiz).
— Não contava com isso. Recebi a notícia e disse: "Meu Deus! Eu já não contava com essas coisas bonitas!" É muito bom. Esse prêmio é resultado de muita luta. Não foi fácil começar a publicar sendo mulher e negra — disse ela, que é a primeira mulher africana a ganhar o Camões, ao jornal O Globo. — Depois de tantas lutas, quando achei que já estava tudo acabado, vem esse prêmio. O que eu posso dizer? É uma grande alegria.
Paulina foi a escolhida por uma comissão julgadora composta por seis membros (sendo dois de Portugal, dois do Brasil e dois representantes de países africanos de língua oficial portuguesa), que se reuniram no final da manhã desta quarta para anunciar o resultado.
Os dois jurados brasileiros presentes na comissão foram Jorge Alves de Lima e Raul Cesar Gouveia Fernandes. Além deles, neste ano, fazem parte da comissão: Carlos Mendes de Souza, Ana Maria Martinho, pela parte portuguesa; o escritor Tony Tcheka (Guiné-Bissau) e Teresa Manjate (Moçambique) pela parte dos países africanos de língua portuguesa.
No ano passado, o prêmio foi atribuído ao acadêmico português Vítor Manuel Aguiar e Silva, que coordenou o Dicionário de Luís de Camões. Em 2019, o eleito foi Chico Buarque.